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Santo André e S.Bernardo estão entre cidades que mais traem

Municípios figuram em ranking de 20 localidades do Brasil com maior número de novos usuários em aplicativo de relacionamentos extraconjugais

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
04/09/2020 | 15:01
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Divulgação


Faça calor ou faça frio, na quarentena ou fora dela, as cidades de Santo André e São Bernardo aparecem em ranking dos municípios com mais usuários em site de relacionamentos extraconjugais. Dados divulgados pela Ashley Madison, plataforma líder do segmento, mostram que de 21 de março a 1 de julho, as duas cidades do Grande ABC ficaram entre as 20 com maior número de novos cadastros. No topo está Brasília (DF), seguida por Manaus (AM) e São Paulo. Foram cerca de 4.200 novas inscrições de brasileiro no período. Os dados por cidade não foram divulgados. O Diário já havia divulgado que as duas cidades figuravam no topo da lista entre os 15 municípios com mais novos usuários durante o verão.

Na avaliação do diretor de estratégia da Ashley Madison, esses casos extraconjugais virtuais servem como uma válvula de escape para indivíduos que lidam com pressões crescentes no casamento e na vida doméstica. "Com o aumento das taxas de divórcio nos países que iniciaram a reabertura, oferecemos um caminho alternativo para ajudar as pessoas a lidar e, finalmente, ajudar os casais a preservar o casamento depois que a poeira baixar", avaliou.

O número de divórcios nos meses de junho e julho também subiu no Grande ABC. O Diário mostrou em 27 de agosto que aumentou em 46% os registros de separações realizadas nos cartórios da região no período, em comparação com 2019, passando de 195 para 285.

Se há quem alegue que trair pode ser uma estratégia para lidar com as pressões, a opinião não é compartilhada por profissionais da área de saúde mental. Integrante da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, Tammy Marchiori afirma que tem visto em seus atendimentos o aumento no número de divórcios como consequência da falta de espaços individuais e conjugais de prazer. “Uma coisa é estar com o parceiro para sair, jantar, ir ao cinema, outra é estar apenas com ele o tempo todo. As pessoas estão sentindo falta de sair, de fazer atividades que estavam acostumadas e tudo isso influencia”, explicou.

A neuropsicóloga alertou, no entanto, que se por um lado o flerte e a paquera podem ser esses elementos de prazer, a quebra de combinado com o parceiro pode trazer sequelas emocionais. “Há um abalo na autoestima, na confiança. A sensação de que não se conhecia o parceiro”, citou. Thammy destacou que para a maioria dos casais, a traição real ou virtual pode ter o mesmo peso. Para algumas pessoas pode ser mais fácil perdoar se não foi algo físico, para outras não”, completou.

A terapeuta e coach de casais Ivana Cabral ressalta que traição é o que vai contra o que foi combinado com o parceiro e que a pandemia se não motivou, foi um facilitador para isso. “A pandemia impossibilitou a traição presencial e quem já traia ou tinha a intenção de trair passou a usar a internet como facilitador”, ressaltou.

Ivana lembra que “o virtual hoje é o novo real” e com com tantos aplicativos e redes sociais, as traições passaram a acontecer de outras formas. “Para muitos o que vale é a intenção por trás do ato, mesmo que esse não tenha ido para o campo real. O virtual pode ser apenas imaginativo, muitas vezes um encontro real com a pessoa acaba com a expectativa criada no mundo virtual. Mas ainda sim é possível que ocorra, mesmo sem o contato físico, uma conexão profunda e sentimental pela pessoa do outro lado da tela. E é aí que muitos consideram sim, uma traição”, definiu.

A neuropsicóloga destacou que o diálogo franco é sempre o melhor caminho para a solução dos conflitos. “Hoje em dia muitas pessoas têm relacionamentos abertos. Tudo o que estiver dentro do combinado do casal não vai magoar o outro”, pontuou, reconhecendo, no entanto, que existe um grande tabu na sociedade em se discutir a monogamia. “Por termos uma tradição católica muito forte, a gente aprende que isso é errado desde cedo, mas muita coisa vem mudando e as pessoas precisam conversar sobre isso”, concluiu.

Ivana apontou que a pessoa que trai no virtual, não necessariamente faria isso na vida real, já que muitas pessoas veem as redes sociais como uma alternativa à timidez e conseguem superar isso no ambiente online. No entanto, a neuropsicóloga Thammy afirma que os estudos indicam que quem já traiu uma vez, tem mais chances de trair do que quem nunca o fez. “ Existem caminhos neuronais do cérebro que substituem a culpa pelo prazer e então a pessoa pode fazer de novo. Não é uma doença e não podemos falar em tratamento, mas essa pessoa só tende a mudar de comportamento quando de alguma forma se prejudica”, concluiu.

A plataforma Ashley Madison tinha, até a pandemia, média mundial de 15,5 mil novos usuários, que passou para 17 mil ao dia desde o final de março. O Brasil é o segundo país com mais novos usuários em 2020, atrás somente dos Estados Unidos e na frente do país que o criou, Canadá. Desde 2011, data de seu lançamento em território brasileiro, o site tem um total de 11,7 milhões de inscritos. 




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