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Pesquisa mostra queda de otimismo de industriais para 2006
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
23/11/2005 | 09:36
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O pessimismo cresceu na indústria brasileira, segundo levantamento divulgado terça-feira pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) referente às expectativas dos empresários para o comportamento da economia em 2006. Todos os indicadores pesquisados mostram aumento de perspectivas negativas e queda das positivas em relação ao último ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As avaliações, endossadas pelo setor produtivo do Grande ABC, foram feitas sob um contexto desfavorável à indústria, segundo os empresários: dólar desvalorizado, altos níveis de juros e uma redução do ritmo de crescimento da economia no segundo semestre.

Os resultados do levantamento, que ouviu 1.015 mil empresários entre 29 de setembro e 28 de outubro, indicam uma sensível piora do quadro de perspectivas para 2006, em relação à pesquisa anterior, feita no mesmo período do ano passado.

A parcela de empresários que esperam aumentar seu faturamento caiu de 83%, no ano passado, para 72% neste ano; a perspectiva de aumentar o número de funcionários cedeu de 47% para 30% e a de reduzir mão-de-obra aumentou de 6% para 16%. Os empresários que pretendem aumentar o nível de investimento caiu de 52% para 38%.

Quadro ruim – "Atualmente, os empresários vêem uma economia comprometida. As exportações estão sendo duramente afetadas pelo dólar, o mercado interno começa a sofrer com o excesso de crédito, que reduz a capacidade de compra, e o nível de emprego está patinando. É difícil pensar em crescimento e investimentos num cenário desses", relata Mário Bernardini, diretor de Competitividade do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e presidente da MGM, indústria de máquinas em São Bernardo.

A especulação em torno da queda do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também é um fator a mais de instabilidade. "Estamos dependendo do que irá acontecer com o Palocci, porque isso vai determinar a política econômica em 2006. Boa parte da indústria está parada desde a segunda quinzena de setembro, e a razão para isso são as condições econômicas impostas pelo governo federal", afirma o empresário Marcelo Parolin, diretor industrial da Polibel, fabricante de peças plásticas em Mauá, e integrante do APL (Arranjo Produtivo Local) de Plástico do Grande ABC.

A análise de contexto é confirmada pela sondagem da FGV: a parcela dos empresários que espera uma melhora no item "situação dos negócios" caiu de 67% para 44%. O quesito leva em consideração questões micro e macroeconômicas ligadas aos ramos de atividade.

Para o economista Marcos César Lopes Barros, do Observatório Econômico de Santo André, os resultados do ano que vem ainda dependerão de algumas variáveis. "De um lado temos um ambiente que não favorece o crescimento e de outro uma pressão por aumentos de gastos decorrentes do ano eleitoral. Resta saber como o governo, num ambiente assim, poderá fazer mudanças na política econômica", afirmou.




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