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Mobilidade e eleições

Filas intermináveis de carros parados no trânsito soltando muita fumaça, motoristas e passageiros (quando há), impacientes

Cristina Baddini
01/10/2010 | 00:00
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Filas intermináveis de carros parados no trânsito soltando muita fumaça, motoristas e passageiros (quando há), impacientes. No mesmo cenário, ônibus, metrôs e trens lotados e usuários desesperados para entrarem nas conduções e, quem sabe, poder chegar a tempo aos seus destinos.

O principal desafio das Regiões Metropolitanas hoje é a questão da mobilidade. A impressão que dá é que nada funciona, não é mesmo? A crise do automóvel chegou ao limite. O uso excessivo do carro está causando um mal tremendo não só aos que usam carros, mas a todos os cidadãos. Precisamos encontrar soluções mais sustentáveis para a nossa locomoção nas cidades.

Atualmente, o Brasil possui uma frota nacional superior a 50 milhões de veículos e esse número continua crescendo.
Para piorar a situação, os serviços de transporte público oferecidos, raramente satisfazem plenamente as necessidades dos usuários. Este cenário formado pelo consumo excessivo do transporte individual em detrimento do coletivo, já mostra seus impactos ambientais, sociais e financeiros na vida dos brasileiros.

Apenas a cidade de São Paulo representa anualmente um gasto aproximado de R$ 33 bilhões devido ao trânsito intenso e caótico, segundo um estudo realizado em 2008 pela Fundação Getúlio Vargas - FGV. A maioria dos cidadãos (68%) está insatisfeita com a situação porque gastam, em média, quase três horas para realizar todos os seus deslocamentos diários.

Além disso, no mesmo período de um ano, cerca de 4.000 pessoas morrem devido a problemas de saúde causados pela emissão de poluentes no ar, derivados da queima de combustíveis. Entretanto, 90% do espaço viário das cidades é usado para transportar apenas 20% das pessoas, segundo dados da Associação Nacional dos Transportes Públicos - ANTP.

Apenas em 2009, o governo investiu mais de R$ 14 bilhões em renúncias fiscais para estimular o mercado automobilístico. Com 30% desse valor, seria possível fazer mudanças significativas no sistema de trânsito das grandes cidades permitindo assim que as pessoas consigam reduzir o seu grau de dependência dos carros.

Proponho algumas medidas que deveriam se constituir em políticas públicas dos próximos governos com vistas à viabilizar a urgente mobilidade sustentável nas cidades:

- Priorizar o transporte coletivo sobre o individual, ou seja investir na expansão das linhas de trem, metrô e ônibus, destinando os espaços viários ao atendimento dos usuários e oferecendo rapidez e conforto, definindo corredores, faixas exclusivas e áreas destinadas à integração ao metrô e trens;
- Desestimular o consumo do carro com medidas de restrição à circulação e estacionamento de automóveis em vias públicas;
- Estimular o consumo de meios não motorizados construindo faixas exclusivas para bicicletas e outros meios não poluentes ao mesmo tempo oferecer calçadas em bom estado evitando que pedestres sofram acidentes causados pela má conservação dessas vias;
- Garantir autonomia econômica às diversas regiões da cidade multiplicando e descentralizando as atividades econômicas e espaços de lazer ao longo do perímetro urbano, reduzindo as necessidades de longos deslocamentos de casa para o trabalho, ou de casa para a escola;
- Destacar transporte e trânsito como elementos da questão ambiental incorporando novas abordagens para orientar as intervenções no ambiente urbano, considerando a qualidade do espaço e do ar, respeitando a permeabilidade do solo e a densidade da cobertura vegetal além da poluição sonora.
Chegou a hora de escolher candidatos que tenham um plano claro e contínuo para combater a crise da mobilidade que estamos vivendo. Boa eleição e boa escolha !




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