Economia Titulo Setor produtivo
Indústria demite um a cada 18,4 minutos

Por outro lado, ritmo de cortes nas fábricas da
região vem caindo gradativamente, diz Ciesp

Paula Oliveira
Do Diário do Grande ABC
18/06/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Pesquisa divulgada ontem pela Fiesp e Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) mostra que, no período de 12 meses encerrado em maio, as indústrias do Grande ABC demitiram 28,6 mil pessoas, o equivalente a 78 cortes por dia ou uma dispensa a cada 18 minutos e 24 segundos. Dessa maneira, o estoque de funcionários nas fábricas das sete cidades foi reduzido em 13,31% na comparação com maio do ano passado, passando de 215,2 mil para 186,6 mil pessoas.

Apesar de o número ser elevado, o ritmo dos desligamentos vem apresentando queda gradual. No período de um ano encerrado em abril, foram contabilizadas 30,2 mil demissões, enquanto no acumulado de 12 meses até março chegou-se a 31,6 mil dispensas. Não se trata, entretanto, de boa notícia, já que, como a base de comparação é ruim, a tendência é a de que os números caiam progressivamente, o que não indica retomada do setor.

Considerando os cinco primeiros meses do ano, foram 8.200 desligamentos. Apenas em maio, 850 pessoas perderam seus empregos na indústria.

“Nós temos dois problemas. Um que o mercado brasileiro foi destruído porque as nossas instituições e valores foram destruídos”, comenta o diretor titular do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva. A outra questão, acrescenta, é o fato de que as indústrias brasileiras, segundo sua avaliação, não estão acompanhando o movimento mundial de desenvolvimento dos processos tecnológicos, o que prejudica a competitividade no mercado internacional. “As empresas de fora não precisam mais do brasileiro”, lamenta.

O balanço de maio revela que a única diretoria do Ciesp que registrou saldo positivo na geração de empregos industriais foi a de Santo André, que engloba Mauá, ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Foram 100 contratações. O vice-diretor da regional, Norberto Perrella, avalia, porém, que ainda é cedo para acreditar em uma melhoria pontual. “A gente ainda ouve que estão ocorrendo demissões e que as montadoras têm um plano de que aqueles funcionários que estavam em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) serão colocados para fora. Por isso, eu acredito que o nível de desemprego tende a aumentar”, comenta.

Outro ponto que ele destaca é as que questões políticas influenciam nos números. “Essa incerteza atrapalha todo cenário econômico. Enquanto o pessoal não conseguir separar o que é economia e o que é política, todo o País sofrerá com a falta de credibilidade para atrair novos investidores”, comenta Norberto Perrella. 




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