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Conserto de celular vive decadência
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
13/11/2005 | 08:45
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Telefone celular barato é sinônimo de lojas de venda de aparelhos lotadas e casas de manutenção vazias. O segmento que floresceu durante o boom da popularização da telefonia móvel no país hoje enfrenta dificuldades para manter as portas abertas. A alternativa de sobrevivência das lojas de conserto de aparelhos está na diversificação de produtos e serviços. A comercialização de peças e acessórios – capas, carregadores de bateria, frentes coloridas, entre outros – é a saída encontrada pelas casas do ramo.

A equação que justifica esse fenômeno é simples, segundo empresários do setor: conserto caro – em razão de componentes geralmente importados – e aparelho barato nas vitrines é igual a celular novo. No entanto, a existência de aparelhos caros – entre R$ 800 e R$ 2,5 mil – ainda mantém vivo o serviço de manutenção.

“Os clientes que nos procuram para consertar o celular são aqueles que acham que gastar de R$ 100 a R$ 200, que é o preço médio para recuperar um aparelho, compensa. Por isso, para valer a pena, dependendo do defeito, o telefone tem de custar muito. Senão, é melhor comprar um novo”, diz Sérgio Ricardo Pedron, proprietário da Grancell, em Santo André.

Segundo ele, as empresas fornecedoras de peças de reposição – muitas vezes são os próprios fabricantes – desestimulam os clientes a consertar o aparelho usado, de olho na venda de um novo. “Se os componentes fossem mais baratos, compensaria. Mas o valor das peças aumenta no mesmo ritmo em que o aparelho fica mais barato. É uma política que transforma celulares em equipamentos descartáveis. Estragou, joga fora”, avalia Pedron.

O empresário Rubens Fontes Silva, dono de uma pequena loja de manutenção de aparelhos celulares em de São Bernardo, a Cell Fone, afirma que a “americanização” do uso do celular no país, com estímulo à aquisição de um telefone novo, acabará com os serviços de conserto em breve.

“Acredito que vamos ser exterminados em dois anos, no máximo. Mesmo aqueles que nem chegam a estragar o celular, já estão trocando por outros mais modernos, com display colorido, máquina fotográfica digital, sons polifônicos, entre tantas outras opções”, diz.

Silva afirma que sua loja tinha quatro funcionários há dois anos, mas hoje funciona com apenas um, o filho dele. “Cheguei a receber 50 aparelhos para consertar em um único mês. Hoje, se tenho dez celulares para arrumar, dou pulos de alegria”, completa o empresário, que afirma ter mantido o negócio nos últimos anos apenas com a compra e venda de aparelhos novos e comercialização de acessórios.

O dono da Industrial Celulares, João Zamperi Sobrinho, em Santo André, culpa o aumento da concorrência pela crise do segmento de manutenção de aparelhos celulares na região.




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