Cultura & Lazer Titulo
Saga de Sherlock Holmes foi reunida em três volumes
Por João Marcos Coelho
Especial para o Diário
16/11/2002 | 17:05
Compartilhar notícia


Durante 40 anos, entre 1887 e 1927, não só a Inglaterra, mas todo o mundo acompanhou eletrizado as aventuras do maior detetive de todos os tempos, Sherlock Holmes, e seu fiel escudeiro Dr. Watson. E, quando seu autor, Arthur Conan Doyle (1859-1930), decidiu matá-lo no célebre confronto nas cataratas de Reichenbach, na Suíça, com o Professor Moriarty – tão genial no crime quanto o detetive era nas soluções –, recebeu milhares de cartas iradas de leitores que diziam mais ou menos o seguinte: morreu pra você, escritor insensível, porque para nós ele continuará vivo para sempre.

O clamor foi tão grande que Doyle resignou-se a trazê-lo de volta em outras séries de aventuras, até a aposentadoria às vésperas da Primeira Guerra. Mas Sherlock continua vivo em dezenas de adaptações de suas aventuras para o cinema e para a televisão; e nas milhares de edições em todo o mundo. Acaba de chegar às livrarias, em luxuoso estojo protetor, a saga completa de Holmes (Ediouro, R$ 145), em três belos volumes totalizando cerca de 1,5 mil páginas. A editora propõe novas traduções, uma iniciativa interessante; pena que a revisão não tenha sido mais cuidadosa, pois há mais letras que faltam, sobram ou são trocadas do que o razoável.

Nada disso atrapalha, porém, a curtição de ler as aventuras de Sherlock Holmes de cabo a rabo. Não é o caso de se trancar num quarto e passar três meses lendo incessantemente estas obras completas. São livros para se pegar ao acaso e ler um conto, deixar de lado, e dias depois retomar a leitura, regido tão-somente pelo prazer de acompanhar as incríveis e mirabolantes deduções do hierático detetive inglês.

É tamanha sua popularidade, 115 anos depois de seu aparecimento, que ainda no ano da graça de 2002, 99,99% dos turistas que visitam Londres priorizam como passeio obrigatório o endereço 221-B Baker Street – e se decepcionam, porque ele simplesmente não existe. Na internet, contabilizam-se mais de 228 mil sites e referências ao detetive que Conan Doyle criou. O personagem é calcado, segundo as evidências, no detetive Charles Dupin, personagem-chave dos contos policiais e de mistério do escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849).

Dupin foi o guru oculto de Holmes/Conan Doyle. É só conferir, por exemplo, como o inglês assimila a filosofia da dedução como postura fundamental na investigação e chega a tomar de empréstimo algumas soluções, como a dos Crimes da Rua Morgue de Poe, reencarnadas no Cão dos Baskerville. As semelhanças não param por aí: o assassinato no quarto fechado, o detetive amador ridicularizando os profissionais, o amigo obtuso o suficiente para não desvendar antes da hora o mistério. Melhor dizer que Poe/Dupin inauguraram praticamente um gênero, e que Conan Doyle foi o segundo a explorar com notável engenho e arte.

Segundo, porém o mais famoso. Entre Um Estudo em Vermelho, ambientado na Inglaterra vitoriana dos anos 80 do século XIX, e Seu Último Caso, publicado em 1927, mas ambientado em 1916, no olho do furacão da Primeira Guerra, Conan Doyle construiu um sucesso permanente – a contragosto, é certo, já que dava mais importância a seus romances históricos, contra tudo e contra todos.

Quem desejar saber mais sobre Holmes, basta consultar o site www.sherlockian.net ou fazer perguntas sobre o detetive no e-mail credmond@uwaterloo.ca (em inglês).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;