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Por uma Cultura híbrida

Nova Secretária de Cultura de Santo André não quer que existam ‘muros’ no setor

Por Miriam Gimenes
29/01/2017 | 07:00
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Marina Brandão/DAGBC


 Em tempos em que há presidente querendo erguer muros na fronteira entre países, a Cultura pode ser uma luz no fim do túnel. É o caso da híbrida, em que não existem barreiras que separam o tradicional do moderno, o culto do popular e massivo. Tudo funciona em um mesmo cenário, de forma harmoniosa e eficiente.

É este conceito que a nova secretária de Cultura de Santo André, Simone Zárate, quer implementar no setor nos próximos quatro anos. “Estamos em um mundo híbrido. Mesmo quem não gosta de internet tem de aprender a lidar com ela, o mundo digital está entrelaçado no nosso dia a dia.” É por isso que Simone pretende, a partir deste ano, implementar o CulturAZ (culturaz.santoandre.sp.gov.br), plataforma de mapeamento e registro de atividades culturais do município, que está no ar desde 2015, mas ficou em segundo plano desde então.

Outra ideia é fazer um Laboratório Cidadão, aos moldes de um fab lab, projeto de criatividade, aprendizado e inovação acessível a todos interessados em criar, desenvolver e construir projetos. “Seria um espaço para troca de conhecimentos”, ressalta. Mas este, no entanto, ficaria para o último ano de gestão, se a Prefeitura tiver condições financeiras para tanto.

Sim, porque desde o início do atual mandato, o prefeito Paulo Serra (PSDB) teve de ‘apertar os cintos’ por conta da dívida a curto prazo de restos a pagar que chega a R$ 312 milhões. E, por isso, o destinado para a Pasta neste ano é um orçamento enxuto: R$ 17 milhões, que incluem os gastos com pessoal. “Para ações mesmo sobra pouco disso e a gente, é claro, distribui entre os equipamentos de ação, de difusão, tem a orquestra, calendário cultural, aniversário da cidade, essas coisas. O orçamento vem feito (do ano passado) e dentro vamos fazer um remanejamento para atender às nossas necessidades.”

CONHECIMENTO
Não é a primeira vez que Simone assume a Cultura do município. Funcionária de carreira da Prefeitura desde 1991, ela foi secretária na gestão de João Avamileno, em 2008. E o que mudou daquela Simone para a de hoje? “Nove anos e outras experiências fora da Prefeitura, inclusive. Fiz assessoria para planos de Cultura em Diadema, Jacareí, São José dos Campos. Também estava no Plano Estadual de Cultura de Dança do Mato Grosso do Sul, dei aula, participei da formação de gestores, trabalhei no Consórcio Intermunicipal (do Grande ABC). Isso acaba mudando a gente também, além do próprio tempo.”

E, nessas andanças, ela aprendeu a ver a Cultura de uma maneira macro. “Já tinha esse pensamento em 2008, de ampliação de conceito de Cultura. A questão da internet naquela época não era tão forte quanto agora, e tem tudo a ver com consumo de Cultura, com produção de Cultura”, finaliza.

Pasta deve potencializar ações culturais
Simone Zárate, que conta com o apoio da secretária adjunta Azê Diniz, quer que a Pasta gerenciada por elas – que atualmente compreende Turismo, mas logo será Cultura e Lazer – seja menos programadora e produtora de eventos e mais uma secretaria articuladora e potencializadora de ações que já acontecem na cidade. “Vamos trabalhar muito com participação, que pode ser feita pelo canal formal, que é o conselho de cultura, e também pelos informais, que é a própria secretaria sair mais para a rua. Acho que é uma coisa que precisa e não tem há muito tempo”, diz a secretária.

Uma das principais providências neste sentido, que ela pretende colocar em prática ainda este ano, é a chamada Ação Territorial, que vai mapear e potencializar o que já existe nos bairros. Ela vai também, a partir de 1º de fevereiro, promover rodas de conversa com produtores culturais, artistas e interessados para elencar as variadas necessidades da cidade. “Queremos ouvir essas pessoas e dizer o que temos a oferecer. A ideia é que os diálogos sejam a base para futuros projetos.”

Ao fim de quatro anos, Simone quer ser lembrada, acrescenta, por ter instigado a todos a participarem das ações do município, se apropriarem dos espaços públicos e de se sentirem orgulhosos de fazer parte das atividades coletivas, na Cultura e no lazer.

POR OUTRO LADO...
O projeto de reforma do Cine Teatro Carlos Gomes, que fica no Centro, herdado da gestão passada, não deve sair do papel. “Na minha opinião este projeto é demais para Secretaria de Cultura. É maravilhoso, mas não temos condições de garantir a manutenção adequada para ele.” Simone pretende se reunir com o movimento de preservação do Carlos Gomes para ouvi-los e fazer algo mais adaptado para o Orçamento do município




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