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MTST amplia invasão em S.Bernardo

Apesar de determinação para que terreno no bairro Assunção comece a ser desocupado hoje, chega a 300 o número de tendas e a 1.000 o de cadastrados

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
05/09/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) têm ampliado o número de barracas instaladas em terreno particular localizado na Rua João Augusto de Souza, no bairro Assunção, em São Bernardo. Invadida no sábado por cerca de 500 pessoas do movimento social, com apoio de políticos ligados ao PT, a área já conta com 300 tendas.

Embora decisão da Justiça – emitida no sábado – determine que até as 18h de hoje o movimento realize a desocupação voluntária do terreno, integrantes do MTST realizaram ontem o cadastro de 500 pessoas interessadas em aderir ao movimento e instalar barracas no local, de propriedade da MZM Incorporação. Em três dias de acampamento, 1.000 pessoas já formalizaram pedido junto à coordenação.

“Temos recebido bastante pessoas de outros municípios, como Diadema e Mauá. Nossa coordenação tem feito o cadastro de cada família e, assim que eles tiverem o material, poderão fazer a montagem de sua barraca”, explica Sandra dos Santos Bezerra, coordenadora do MTST no Grande ABC.

Ciente do pedido de desocupação do terreno, Sandra diz que o grupo recorrerá da decisão emitida pelo juiz Gustavo Dall’Olio, da 8ª Vara Cível de São Bernardo, para que o acampamento seja desmontado. “Nosso advogado deve entrar com pedido para reverter a decisão”, ressalta a coordenadora. Até o fechamento desta edição, no entanto, representantes do MTST não haviam formalizado nenhuma solicitação para que a decisão judicial seja revogada.

Apoiada por políticos filiados ao PT, como os deputados estaduais Luiz Turco, de Santo André, Carlos Neder, da Capital, a ocupação instalada próximo à Scania tem sido acompanhada de perto pela Prefeitura de São Bernardo. Desde sábado, viatura da GCM (Guarda Civil Municipal) permanece na área acompanhando a movimentação do terreno com objetivo de evitar possíveis conflitos.

Em entrevista ao Diário no sábado, o secretário de Habitação do município, João Abukater, chegou a afirmar que a invasão era desnecessária, tendo em vista que os projetos habitacionais contratados pela antiga gestão estavam recebendo encaminhamento pelo atual governo.

A MZM Incorporação não retornou aos contatos feitos pela equipe do Diário.

DRAMA

Vizinho do terreno invadido, o jardineiro Paulo Rodrigues Soares, 35 anos, foi um dos moradores que recorreram ao acampamento na tentativa de conseguir uma moradia. “Vivo atualmente na casa da minha mãe, em um único cômodo que divido com minha mulher e meu filho, mas como a situação lá não é das melhores, instalei nossa barraca aqui na tentativa de algo melhor”, diz.

Com renda mensal de R$ 937, sendo que R$ 500 são utilizados para pagar pensão alimentícia, Soares afirma ter dificuldade para manter o sustento de sua família. “Tem meses que preciso escolher entre comprar leite ou fralda para meu filho”. Para ele, ter uma casa própria seria a oportunidade de recomeçar a vida. “Só quero lutar pelo futuro da minha família.”

Desempregado há dois anos, Arnold de Andrade da Silva, 24, foi outro munícipe ligado ao movimento que, ontem, iniciou a instalação de sua barraca no acampamento. “Meu primo me avisou sobre a ocupação e vim aqui na luta de conseguir algo. Hoje moro com minha mãe, mas quero algo melhor”, afirma.

Paço libera acesso da Imigrantes para transporte de carga

Para atender pedido feito por comerciantes da região do pós-balsa, a Prefeitura de São Bernardo voltará a permitir, a partir de hoje, o tráfego de caminhões – entre 6h e 18h – pelo acesso da Rodovia dos Imigrantes, que é utilizado por motoristas que seguem em direção aos bairros Tatetos, Capivari, Santa Cruz, Taquacetuba e Curucutu.

O acesso havia sido interditado na semana passada num conjunto de ações implantado pela administração municipal com o objetivo de inibir o desmatamento de áreas verdes e a construção de moradias irregulares no pós-balsa.

Em vigor desde sexta-feira, a medida, que atende a pedido feito neste ano pelo Ministério Público, intensifica a fiscalização do transporte de materiais de construção civil destinados à edificação de moradias na área às margens da Billings.

Segundo a Prefeitura, o transporte de alimentos, entre outros produtos, volta a ter acesso livre pela Imigrantes. No entanto, para o transporte de materiais de construção é necessário ainda a prévia licença ambiental nos termos da resolução publicada pela administração na sexta-feira. Nela, moradores devem retirar, na unidade da Rede Fácil localizada na Avenida Araguaia, 265, no Riacho Grande, formulário onde serão exigidas desde nota fiscal com descrição do material carregado até descrição e quantidade de produtos, além da identificação do comprador e do transportador. O pedido será analisado em prazo de até 24 horas pela Prefeitura.

No sábado, moradores promoveram protesto contra as ações implantadas pelo Executivo a fim de fiscalizar obras de moradias irregulares na região do pós-balsa. A manifestação, no entanto, foi liderada por políticos da oposição ao prefeito Orlando Morando (PSDB). Estiveram presentes na ocasião o deputado federal Alex Manente (PPS), o vereador Julinho Fuzari (PPS) e o também parlamentar Toninho da Lanchonete (PT).




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