A expressão "Nadou, nadou e morreu na praia" poderia muito bem ser trocada por "Remou, remou e perdeu a medalha". Guilherme Braga e David Motta Chagas, 14 anos, de Campo dos Goytacazes (a 280 km do Rio de Janeiro) passaram por uma situação complicada no início do mês, durante a 7ª Regata do Campeonato Estadual, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Eles chegaram em terceiro lugar na penúltima etapa da competição mais importante do País, mas foram desclassificados. Os árbitros alegaram que os garotos usavam uniformes diferentes. O capítulo 26, artigo 107 do Código de Regatas da Federação do Remo do Estado do Rio de Janeiro diz: "Excluir a guarnição, cujo remador ou remadores não estejam uniformizados devidamente". O artigo 46 das regras de remo da Confederação Brasileira de Remo ressalta: "É obrigatório que o uniforme de competição seja idêntico para todos os membros da guarnição."

Certo ou errado, o fato é que os meninos já haviam participado com as mesmas roupas de outras etapas (receberam, inclusive, a medalha de prata na 5ª regata) e nunca foram advertidos. Os uniformes possuem as mesmas cores - branco, azul e amarelo - mas são de modelos diferentes: um é mais antigo e o outro mais novo.

"Nunca disseram nada. Esperaram a gente vencer para comunicar. Foi decepcionante", diz David. O companheiro Guilherme também ficou triste. "Treinamos duas vezes por dia, às 5h e às 16h, no rio Paraíba do Sul. Nos dedicamos tanto, que não achei justo. Mas não vou desistir do meu sonho."

Os atletas, da Ong Rema Campos, estão se preparando para participar das Olimpíadas de 2016, que serão no Rio de Janeiro. Guilherme conta que mais do que trazer os benefícios do esporte, o remo ajudou na escola. "Sou uma pessoa melhor."