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Paranapiacaba inspira filme
Por Natane Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
20/04/2008 | 07:00
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É madrugada em um sombrio vilarejo afastado da cidade grande. A luz fraca deixa um funcionário do teatro local ainda mais sonolento. No fim do corredor, o homem vê um pequeno ponto de luz, apoiado em uma mesa. Temeroso, vai até o local e descobre um cigarro aceso. Ao olhar para o quadro acima, enxerga o vazio onde, outrora, ficava a pintura de uma mulher.

Inspirada em uma das mais antigas lendas da Vila de Paranapiacaba, em Santo André, a Dama do Lyra, como é conhecida a história acima, foi adaptada pelo andreense Beto Basant e transformou-se em curta-metragem.

Estrelado por Mayara Magri e Leopoldo Pacheco, Sonho de Valsa – em fase de pós-produção – foi gravado em apenas seis dias na própria Vila, contou com cerca de 25 profissionais e mobilizou comerciantes locais. Tudo isso sem qualquer remuneração. O segredo: empenho, profissionalismo e muita, muita determinação.

Quem conta a história é o próprio roteirista e diretor, Beto Basant, e o produtor do curta e ator, Eduardo Scheck, de Ribeirão Pires (ambos na foto maior). “Nós trabalhamos muito, muito mesmo para esse filme acontecer. O mais legal de tudo é você perceber que aquela equipe inteira está atrás do seu projeto, acreditando nele com você”, resume Scheck.

Destino - Tudo começou em um curso de cinema em Santo André. Depois de produzir alguns projetos para aulas, Beto, que já havia trabalhado na Vila anos antes, quis dar forma às famosas lendas da região.

Com o roteiro pronto, o destino encarregou-se de colocá-lo frente a frente com a mulher que viria a ser uma das maiores entusiastas da idéia: Mayara Magri. “A Mayara era casada com Herval Rossano (ex-diretor da Globo e da Record, morto em maio do ano passado, vítima de complicações cardíacas). Ele estava internado em um hospital e meu pai também. Um dia minha mãe a viu e me avisou. Eu voltei, conversei com ela e pedi seu e-mail”, explica Basant.

Alguns meses depois, em julho, o diretor a convidou para protagonizar o curta. O nome de Leopoldo Pacheco veio por sugestão dela.

Daí para frente, Sonho de Valsa foi agraciado com sucessivas boas coincidências. Mayara convidou o ator Cláudio Curi para uma participação especial e o compositor Wilson Sukorski aceitou fazer a trilha-sonora.

Apoio - Durante dois meses, Scheck correu noite e dia para conseguir apoiadores. “Procuramos cada profissional e os convencemos a trabalhar de graça. Tivemos de pensar na estrutura para todo mundo: pousada, café-da-manhã, almoço, jantar”, relembra. “Ainda precisei correr atrás de móveis de época e figurino”.

Alguns comerciantes da Vila andreense se empolgaram. É o caso da Pousada dos Memorialistas e dos restaurantes Casa do Tio César e Estação do Sabor, que forneceram hospedagem e alimentação para todos.

Além de colaborar atrás das câmeras, alguns dos moradores mais antigos de Paranapiacaba emprestaram suas lembranças ao filme. Entre as cenas de ficcção, o roteiro insere trechos dos depoimentos dessas pessoas. “Encontramos pessoas com histórias maravilhosas”, diz o diretor.

Retoques - Segundo Beto Basant, Sonho de Valsa está em fase de término de edição. Walter Tabax, experiente montador paulista, é responsável pelo trabalho.

O próximo passo será passar o curta, gravado em digital, para película 35 mm. Só assim eles poderão inscrever a fita nos principais festivais de cinema do Brasil e do mundo. “A Mayara Magri gostou tanto que vai nos ajudar com isso também”, conta. O valor para profissionalizar o filme, que terá de 12 a 15 minutos, gira em torno de R$ 30 mil. A produção deve ficar pronta até o início de junho.

Novo projeto - Basant e Scheck já investem em uma nova empreitada: o filme Gosto de Fel. Andreas Kisser, do Sepultura, é cogitado para fazer a trilha sonora. “Temos também o nome de Carlinhos de Jesus para fazer um personagem de destaque”, afirma Basant.

A trama é sobre uma série de assassinatos que um grupo de pessoas tenta investigar. É ambientada no final dos anos 1980, com algumas cenas projetadas para 20 anos antes. Desta vez, porém, as locações serão no centro histórico de Santos.

As gravações, marcadas para junho, já contam com o apoio de Mayara Magri, que disponibilizou-se a fazer a preparação dos atores.

“Aos poucos, estamos crescendo”, diz o produtor. O próximo projeto é rodar um longa-metragem.



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