Política Titulo Na Frigideira
José Augusto começa a ser fritado por oposição, servidores e até governo

Até integrantes do alto escalão criticam atuação do ex-prefeito à frente da Secretaria de Saúde de Diadema

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
14/07/2013 | 07:00
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O ex-prefeito de Diadema José Augusto da Silva Ramos (PSDB) está no epicentro de crise externa e interna que atinge a Saúde da cidade. Atual secretário do setor, o tucano é questionado por servidores, oposição e até integrantes do alto escalão do governo do prefeito Lauro Michels (PV).

Atos, por enquanto isolados, têm aumentado a pressão pela saída de José Augusto. No mês passado, médicos do Hospital Municipal cruzaram os braços durante uma hora depois que a diretoria do complexo anunciou o fim da triagem de urgência e emergência no Pronto-Socorro da unidade.

Já na quinta-feira, houve manifestação em frente à Secretaria da Saúde pedindo mudança no comando da Pasta, reabertura do atendimento pediátrico na UBS (Unidade Básica de Saúde) no Jardim das Nações – conhecido como hospital infantil – e reestruturação da UTI pediátrica do HM, fechada no primeiro semestre por falta de médicos.

A pressão externa, aos poucos, tem chegado a integrantes governistas. Funcionários do alto escalão do governo começam a defender a saída de José Augusto, mas com a manutenção do grupo político do tucano na Secretaria de Saúde.

Nas últimas semanas, teve início campanha velada pela vinda de Maridite Cristóvão de Oliveira (PSDB) para gerenciar a secretaria. Ex-vereadora, Maridite foi candidata a prefeita em outubro, recebeu 21.388 votos e foi fiel da balança na vitória de Lauro contra o ex-prefeito Mário Reali (PT), que buscava reeleição.

A contratação de Maridite, pelo menos por enquanto, é improvável. Ela é diretora do Hospital de São Mateus, na Zona Leste e está prestes a se aposentar. Hoje, recebe vencimentos maiores do que ganharia como secretária em Diadema – cada titular de Pasta na cidade tem contracheque de R$ 9.738.

Na sexta-feira, Lauro defendeu José Augusto e negou qualquer mudança. “O Zé Augusto faz (o médico) trabalhar, então eles (petistas) estão incomodados com isso. Ele é do PSDB, está na minha administração, é secretário de Saúde e está cortando os malefícios que havia dentro da Saúde, que era o tal dos esquemas. A gente está terminando com os esquemas de trabalhar menos do que a hora paga. As pessoas estão incomodadas porque o Zé Augusto está cobrando trabalho. Com secretário que cobra trabalho não vou me incomodar. Pelo contrário, vou corroborar com o que ele está fazendo.”

Munícipe pede intervenção em hospital

Morador do bairro Piraporinha, em Diadema, Gabriel Paulo da Silva protocolou no dia 10, junto ao Ministério Público, pedido de intervenção no Hospital Municipal.

Militante ao PT, Silva relatou mau atendimento no maior complexo hospitalar público da cidade. Segundo ele, no dia 15 de maio, foi ao hospital após quebrar o ombro e o braço em um acidente doméstico. Ouviu relato de uma enfermeira que há racionamento de materiais utilizados.

“Por duas vezes fui ao décimo andar para reclamar à direção e falar sobre os fatos e nunca encontrei a direção do hospital”, conta, no documento. “Como conheço e acompanho os valorosos promotores do nosso País, peço ao nosso Ministério Público que faça uma intervenção no nosso Hospital Municipal de Diadema, pois o que acontece não é falta de dinheiro, e sim falta de responsabilidade e compromisso daqueles que pagam os salários do funcionário público.”

Gabriel Paulo da Silva é casado com Ismênia Nascimento da Silva, conselheira de Saúde de Diadema que protocolou pedido para que o MP apure a situação da construção da UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas) do bairro Piraporinha.

A obra tinha previsão de entrega para dezembro do ano passado, ainda na gestão de Mário Reali (PT). Apenas neste mês a administração divulgou edital dando prosseguimento à construção.

Tucano processa médicas por difamação

O ex-prefeito e atual secretário de Saúde de Diadema, José Augusto da Silva Ramos (PSDB), registrou BO (Boletim de Ocorrência) no 4º DP (Eldorado) contra cinco médicas alegando perturbação da ordem e campanha difamatória.

Segundo o tucano, no fim de fevereiro, as cinco profissionais, que deixaram os quadros da Prefeitura no início de março, foram à sua residência, no bairro Eldorado, para perturbá-lo quando, juntamente com servidores da Saúde, tentaram agendar reunião com o secretário.

Ele também disse que as cinco médicas estavam fazendo campanha difamatória em redes sociais contra seu trabalho à frente da Pasta de Saúde, o que estaria prejudicando a contratação de novos profissionais.

Todas trabalhavam no PSF (Programa Saúde da Família) da UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Conceição e criticaram a atuação do ex-prefeito sobre o PSF. Elas alegaram que José Augusto “desestruturou” o programa, “que até então era referência na cidade.”

“Na verdade, as médicas foram vítimas de perseguições políticas e profissionais e também de abuso de autoridade por parte do ex-prefeito”, justificou Ariel de Castro Alves, advogado das cinco profissionais.

Desde que assumiu o comando da Secretaria de Saúde, em janeiro, José Augusto assinou exoneração de quase 60 médicos.




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