Esportes Titulo Aguenta coração!
Romarinho torna
sonho mais real

Meia corintiano garante 1 a 1 com Boca Juniors e decisão
da Copa Libertadores vem igual ao Estádio do Pacaembu

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
28/06/2012 | 01:06
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Romarinho é o cara. Em dois minutos em campo o meia passou de coadjuvante a protagonista ao marcar belo gol e garantir o empate (1 a 1) do Corinthians com o Boca Juniors, nesta quarta-feira à noite, em Buenos Aires, no primeiro jogo decisivo da Libertadores. O resultado tornou mais real o sonho alvinegro de conquistar o inédito título.

Falta só mais uma partida, quarta-feira (4), no Pacaembu. Outro empate leva a decisão para prorrogação e, persistindo a igualdade, aos pênaltis. Quem vencer leva a taça.

A pressão em torno do jogo influenciou o comportamento de argentinos e brasileiros. O respeito pelo adversário era deflagrado no toque de bola sem objetividade, na procura de espaço que pudesse levar ao gol, o que raramente acontecia. O Corinthians experimentava do próprio veneno. Enfrentava rival que valorizava a posse e evitava rifar as jogadas.

Outra vez o volante Paulinho se sobressaia pelo lado alvinegro. Além de marcar, ele aparecia como elemento surpresa. Dos seus pés, aos sete minutos, aconteceu a melhor chance do Corinthians no primeiro tempo, em chute que parou em defesa de Orion.

Passivos em alguns momentos, o Boca não apresentava o volume de jogo que o caracterizou nos últimos anos e até mesmo seus torcedores pareciam não ter a mesma força. Os argentinos demoraram 33 minutos para assustar o goleiro Cássio. Em jogada pela direita, Mouche cruzou e Santiago Silva completou de voleio, mas a bola explodiu em Alessandro.

Ainda no primeiro tempo, o técnico Tite foi obrigado a trocar Jorge Henrique, machucado, e escolheu Liedson. A alteração mudou o panorama do jogo. Com pouco poder de marcação, o Levezinho ficava isolado no ataque e isso fazia com que os argentinos tivessem mais tranquilidade.

O segundo tempo foi do Boca. O Timão quase não passava do meio campo e o tão comentado volume de jogo dos argentinos começava fazer a diferença. Aos 16, Mouche tabelou com Riquelme e chutou nas mãos de Cássio.

Diferentemente do início, o Timão, visivelmente nervoso, não agredia e limitava-se a defender, mas não conseguiu. Aos 27, em cobrança de escanteio, Santiago Silva desviou para o gol, Chicão salvou com a mão e a bola sobrou para Roncaglia estufar a rede.

O gol inflamou os argentinos e transformou a Bombonera em caldeirão. Foi então que brilhou a estrela de Romarinho. Com apenas dois minutos em campo, aos 39, o meia apareceu na área e teve frieza de veterano para tocar sobre Orion e igualar o placar.

No fim, aos 45, Viatri ainda acertou o travessão de Cássio, mas a decisão ficou mesmo para o Pacaembu.

 

Romarinho sai do banco, empata jogo e se torna mais novo ídolo da Fiel

A derrota parecia inevitável. Foi quando Tite tomou coragem e resolveu dar chance para Romarinho. Acanhado, o jogador entrou no lugar de Danilo carregando a responsabilidade de quem fez dois belos gols no clássico contra o Palmeiras, domingo, pelo Brasileirão, e rapidamente se transformou no xodó da torcida. E o meia correspondeu. Com lindo toque, empatou o jogo contra o Boca Juniors e deixou mais perto o inédito título da Libertadores.

Após o apito final, o jogador, contratado recentemente junto ao Bragantino, parecia não ter noção da importância do seu gol. Com a mesma frieza que demonstrou no lance, o meia comemorou o empate. "Brilhou minha estrela, saí do banco de reservas e pude dar essa felicidade a todos. Recebi na área e vi o goleiro caindo, só pensei em jogar por cima e deu tudo certo", explicou o jogador de poucas palavras.

Mais calmo, o zagueiro Leandro Castán comemorou a possibilidade de trazer a decisão para São Paulo. "Agora é no Pacaembu, onde conhecemos cada buraco do campo. Conseguimos levar uma grande vantagem, que é esse empate. Agora temos de ter tranquilidade, porque uma vitória simples nos dá o título", comentou o jogador.

Castán garante que não se intimidou com a força da Bombonera. "Foi normal, tranquilo para mim. Até prefiro jogar assim, com essa pressão. Agora é com nossa torcida no jogo de volta", convocou o zagueiro, sabendo que todos os ingressos para o jogo no Pacaembu já foram vendidos.

O meia Alex aproveitou o pós-jogo para elogiar Romarinho. "O cara tem estrela. Entrou no momento certo, é iluminado", elogiou o jogador, que teve companhia de Liedson no discurso. "É excelente pessoa, está com estrela, temos que aproveitar, ele entrou muito bem na equipe", comentou o Levezinho.

Quem não deixou o gramado satisfeito foi o atacante Jorge Henrique, substituído após sentir dor na coxa direita. "A gente espera muito por esse momento e aí acaba se machucando. Mas vamos ficar torcendo para que dê tudo certo", declarou, mostrando confiança em participar do jogo de volta. "Não deixei agravar. Senti uma fisgada, tentei um pouquinho, mas vi que não dava. Agora, é esperar a volta lá em São Paulo", finalizou. AF

Corintianos tentam entrar sem ingresso na Bombonera

A chegada dos corintianos ao Estádio La Bombonera foi marcada por tumulto e confusão. Muitos torcedores ficaram do lado de fora da casa do Boca Juniors por não terem ingressos. A diretoria do clube argentino disponibilizou 2.450 entradas aos brasileiros.

Houve até casos de torcedores que compraram bilhetes falsos. Um casal adquiriu duas entradas por R$ 500 e descobriu apenas na hora de passar na catraca que havia sido enganado por cambistas.

Aqueles que estavam sem ingressos tentavam de maneira bastante arriscada invadir a arquibancada destinada aos visitantes. A tática era simples. Eles se colocavam logo atras daqueles que estavam com os ingressos em mãos e tentavam entrar na marra. Cinco revistas eram realizadas nos brasileiros. Alguns conseguiam passar pelas primeiras, mas depois eram barrados no final. Outros apelavam para suborno aos policiais por até R$ 150, mas não conseguiram ir muito longe.

A segurança foi reforçada e conteve o tumulto que chegou a ficar fora de controle por alguns instantes.

 

CHEGADA

A delegação do Corinthians chegou à Bombonera duas horas antes do início do duelo. Mas a recepção não foi das melhores. O ônibus que transportava a delegação corintiana foi recebido com pedradas pelos torcedores argentinos.

"Não escapamos, algumas pedrinhas atingiram nosso ônibus, mas é normal, sabemos que isso faz parte. Mas, tirando isso, que é normal, foi bem tranquilo, viemos bem", contou o gerente de futebol do clube, Edu Gaspar, antes de a bola rolar.

Apesar do incidente, nenhum jogador ou dirigente do Corinthians foi atingido antes da entrada no estádio. O primeiro a sair do ônibus foi o presidente Mário Gobbi, acompanhado pelo técnico Tite. Na sequência vieram os atletas, um a um, todos com fones de ouvido e transmitindo calma. (das Agências)

Torcida corintiana vai da apreensão ao delírio no Grande ABC

A final da Libertadores agitou também os bares do Grande ABC, que ficaram lotados de corintianos fanáticos. A nação era composta por gêneros de todas as idades, que se uniram apenas por um objetivo: ver o Timão calar os hermanos.

Antes de o jogo começar em La Bambonera, o clima era de apreensão para saber como o time reagiria no caldeirão do Boca Juniors. Tanto que ninguém apostava em placar elástico e muito menos se falava em facilidade.

"O coração está batendo muito forte, está a 1.000 por hora. É algo único para nós", disse o estudante Paulo Henrique Fagundes.

E como torcedor também é técnico, eles explicavam como o Timão deveria atuar na Argentina. "Precisamos jogar igual ao Chelsea diante do Barcelona (pela Liga dos Campeões). Atuar como azarão, todo fechado e eliminar o adversário", pediu o gerente operacional José Roberto.

E quando começou a partida iniciaram os gritos de guerra de alguns torcedores, enquanto outros mostravam concentração ao assistir ao jogo, utilizando-se das unhas ou da camisa do Corinthians como terapia para enfrentar o momento histórico.

Cada lance era motivo para festejar, como um arremate de Paulinho ou as defesas do goleiro Cássio. A qualquer falta contra o Corinthians, a mãe do árbitro era homenageada.

Apesar do primeiro tempo sem gols, a torcida corintiana estava satisfeita com o resultado, principalmente na Rua Fenícia, no Parque Novo Oratório, em Santo André, reduto da Fiel do Grande ABC. Cerca de 2.000 pessoas compareceram ao endereço, que contava com telões de diversos tamanhos.

No entanto, a rua silenciou por segundos com o gol do Boca Juniors. Mas foi apenas por instantes. Depois, reclamações a cada tentativa frustrada do Timão e gritos de incentivo se confundiam, como os jogadores ouvissem em Buenos Aires.

"Temos condições de marcar, vai sair o gol daqui a pouco", profetizou o vendedor David Borges Cristal. Um minuto após o prenúncio, ele e outras milhares de pessoas no País inteiro pulavam de alegria ao ver a bola de Romarinho entrar na rede argentina.

O empate clareou a Rua Fenícia pelo número enorme de foguetórios. "Ninguém tira esse título de nós, nem argentino nem boliviano nem p... nenhuma", finalizou o também vendedor William Gustavo. Thiago Silva

 




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