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Exército de música e movimento
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
08/11/2008 | 07:01
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O multiinstrumentista andreense Fernando Sardo e seu GEM (Grupo Experimental de Música) participam neste domingo da Invasão à Bienal comandada pelo coreógrafo e educador corporal Ivaldo Bertazzo, famoso por transformar pessoas comuns em ‘cidadãos dançantes'. Embora o termo remeta à conquista do espaço pela força, a performance se realiza por um convite do curador, Ivo Mesquita, e não se relaciona com as polêmicas tentativas de ocupação que resultaram na pichação de algumas partes do Pavilhão Ciccilo Matarazzo, assinado por Oscar Niemeyer, entre outros pontos do Parque do Ibirapuera. Os dançarinos e os músicos estarão no local a partir das 11h45. A entrada é franca.

Pela primeira vez trabalhando em colaboração com Bertazzo, o músico, que se dedica também à construção de instrumentos a partir de materiais inusitados - em especial de reciclados - transformou os dançarinos também em músicos, pelo menos durante a intervenção. A idéia do coreógrafo era fazer com que os cerca de 100 dançarinos adentrassem o Pavilhão da Bienal portando bandeiras coloridas. O foco das coreografias também seria nos mastros - feito com varas de bambu de aproximadamente quatro metros. "Sugeri acoplar instrumentos ao bambu, de maneira que aquele ‘exército' também fizesse música", explica.

Para a intervenção, o luthier desenvolveu três tipos de instrumento para distribuir entre o elenco: um berrante feito a partir de tubo de PVC e balões de borracha; um reco-reco que leva mola e um par de latas e um apito feito a partir de mangueiras de plástico. "Gosto de falar nos dançarinos como ‘exército'. É um termo meu, porque, embora não seja agressivo, a chegada dessas pessoas com rosto pintado, grandes bandeiras e instrumentos será bastante impactante", resume Sardo, que, junto com o GEM, vem ensaiando nos quatro últimos fins de semana. Durante a ‘marcha' até o prédio, haverá também percussão com tambores de metal. As músicas que a nova formação executará também são assinadas por Sardo.

Feita a entrada dos dançarinos, o GEM assume sozinho a musicalização das coreografias. A partir do Dessintetizador, escultura sonora que é base das apresentações da banda, Sardo e os músicos Bira Azevedo, Fábio Marques, Flávio Cruz, Luciano Sallun e Rodrigo Olivério tocam duas músicas que servem de trilha sonora para a coreografia.

Para o multiinstrumentista, a performance representa mais uma oportunidade de unir as diversas linguagens artísticas. "Isso é algo que já fizemos no GEM. Quando construímos uma escultura sonora, levamos em conta sua plasticidade", explica, feliz por participar pela primeira vez da Bienal de Artes. Bertazzo permanece na Bienal até 6 de dezembro: dará aulas gratuitas de dança às terças, quintas, sábados e domingos, das 10h às 12h.

Ocupação - Em Vivo Contato, tema da 28ª Bienal de São Paulo, o evento propôs formato bastante diferente ao das outras edições, o que possibilitou o convite para a Invasão - molde de intervenção até então inédito -, a significativa diminuição de obras expostas e o conseqüente aumento de espaço dentro do Pavilhão, um convite à ocupação dos visitantes. O primeiro piso, inclusive, foi transformado em uma ‘praça', como previa o projeto original de Niemeyer em 1953.

As pichações no segundo piso - já apagadas - ocorreram no dia da abertura ao público. Quarenta pessoas entraram com latas de spray. Apenas uma do grupo foi detida.




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