Recentemente, estive presente ao evento para assinatura dos termos de compromisso setoriais de resíduos sólidos, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Os documentos foram assinados pelo governo do Estado e por representantes paulistas dos setores produtivos responsáveis pelos resíduos pós-consumo de embalagens plásticas de óleos lubrificantes, de embalagens de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, de materiais de limpeza e afins, de embalagens de agrotóxicos e de pilhas e baterias portáteis. Os termos estabelecem como devem funcionar os sistemas de logística reversa dos resíduos pós-consumo em cada um desses setores, que já estão sendo colocados em prática.

A logística reversa consiste no descarte correto de um produto pós-consumo, agregando valor ao mesmo em favor do meio ambiente. A ideia é fazer com que o material sem condições de ser reutilizado retorne ao seu ciclo produtivo ou para o de outra indústria como insumo.

Um exemplo de logística reversa já implementado com sucesso e copiado por diversos países, inclusive pelo Brasil, é o da Alemanha. Em 1991, antes da União Européia, o governo alemão inovou e se tornou pioneiro na criação de regulamentação para a reciclagem de embalagens, para evitar que o lixo se transformasse em problema para o país, que tinha unido seus lados oriental e ocidental dois anos antes e passava por fase de transição.

Na época, o país produzia 30 milhões de toneladas anuais de resíduos, metade desse montante advindo das embalagens, por isso insistiu na criação de agência reguladora. As regras alemãs estabeleceram a responsabilidade compartilhada entre fabricantes de embalagens, distribuidores, envasadores e importadores, que deveriam gerenciar o ciclo de vida dos produtos.

Regulada pelo governo, a agência até hoje coordena a coleta, triagem e entrega de material reciclado, evitando a obrigação do recebimento de resíduos das embalagens pelas redes de varejo, que poderiam ficar sobrecarregadas com a implementação do sistema. A indústria e o varejo podem optar por se filiar ao sistema e pagar taxa para custeá-lo ou cuidar dos resíduos de maneira independente. As empresas filiadas passaram a receber o selo ‘ponto verde’. O resultado é que, hoje, a Alemanha recicla 67% dos resíduos que produz, índice mais alto da Europa. É uma iniciativa muito interessante.

A regra é simples: todos nós temos de colaborar com o meio ambiente se quisermos garantir o futuro das pessoas.