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Imprensa destaca importância da cúpula na Jordânia
Por Da AFP
05/06/2003 | 09:13
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A imprensa israelense reflete nesta quinta-feira o sentimento de que a cúpula de Ácaba deu uma guinada importantíssima nas negociações de paz com os palestinos, reproduzindo nas manchetes a declaração do presidente americano George W. Bush de que "a Terra Santa deve ser compartilhada" pelos dois povos. Esta declaração está na primeira página dos jornais Yediot Ajaronot, Maariv e Haaretz.

A idéia ganha maior significado por ser divulgada exatamente 36 anos depois do início da guerra relâmpago israelense dos "Seis dias" (junho de 1967), quando Israel assumiu o controle dos territórios palestinos da Cisjordânia e Gaza e anexou o setor leste de Jerusalém, onde os palestinos esperam estabelecer a capital de seu futuro Estado.

"No dia do 36º aniversário da guerra dos Seis dias, os dirigentes (israelenses e palestinos) se comprometeram finalmente a resolver o conflito sangrento", publica o jornal de grande tiragem Yediot Ajaronot.

"Em Ácaba, foi fundado o Estado da Palestina", diz também em título o Yediot Ajaronot, com uma foto que mostra o presidente americano George W. Bush cercado pelos primeiros-ministros israelense e palestino, Ariel Sharon e Mahmud Abbas (Abu Mazen), relaxados, sorridentes e confiantes, acenando com a mão direita no final de seu encontro.

"Sharon: tudo dependerá deles (os palestinos)", diz em título por sua parte Maariv, destacando o compromisso solene de Abbas de acabar com a Intifada armada. O jornal publica uma foto de Bush, Sharon e Abbas, em cadeiras, à sombra das palmeiras dos jardins do palácio de Ácaba, do rei Abdullah II da Jordânia, anfitrião da cúpula.

Havia na declaração de Abbas "o tom sincero da reconciliação", afirma o ex-chefe da diplomacia israelense Shimon Peres, prêmio Nobel da Paz e artífice dos acordos israelenses-palestinos de Oslo (1993), em uma tribuna publicada na primeira página do Yediot Ajaronot.

"Expressando-se em um árabe simples e claro, sem efeito teatral, Abu Mazen anunciou o fim da guerra palestina contra Israel, a Intifada de Al Aqsa, a Intifada na qual três mil mortos superlotaram os cemitérios dos dois povos", escreveu Peres.

"Abu Mazen não adotou a pose de um grande dirigente nem a de um tribuno carismático. Usou um terno cinza com uma gravata que não combinava e óculos fora de moda. Não buscou desculpas para justificar o terrorismo a que seu povo recorreu e também não acusou Israel. Fez algo raro: reconheceu os fatos, assumiu suas responsabilidades e deixou de bancar a eterna vítima", acrescentou Peres.

"Sem vacilar, Abu Mazen definiu o terrorismo como contrário à moral de seu povo e inimigo de seu povo. E sem temor nem vacilações, liquidou a insuportável distinção feita pela opinião árabe e pela esquerda européia entre o mau terrorismo e a resistência armada justificada pela ocupação", disse Peres.

O ex-ministro se declarou também convencido de que Sharon tomou "a decisão irrevogável de chegar a um importante acordo político com uma determinação que surpreenderá aos árabes", concluiu.

No contexto dos acordos de paz israelense-egípcios de 1979, segundo os quais Israel deveria restituir o Sinai ao Egito, Ariel Sharon, que então era ministro de Defesa do governo de Menahem Begin, deu ordem ao exército israelense de retirar-se e destruir Yamit, a maior colônia israelense do Sinai.




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