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Pfizer defende eficácia de imunizante infantil

Adoção de vacina para crianças de 5 a 11 anos oferece desafios para o governo brasileiro

24/10/2021 | 00:08
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A farmacêutica norte-americana Pfizer afirmou sexta-feira que sua vacina contra Covid é 90,7% eficaz em crianças entre 5 e 11 anos, o que abre margem para aplicação nesse público nos Estados Unidos. Atualmente, o imunizante da marca é o único aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para adolescentes de 12 a 17 anos no Brasil. Especialistas apontam que, caso a aplicação entre crianças seja aprovada pela FDA, agência reguladora norte-americana, são boas as chances de que a Anvisa siga um caminho similar no Brasil.

Grupo de conselheiros externos da FDA está marcado para se encontrar terça-feira e votar se a agência deve autorizar o uso do imunizante em crianças de 5 a 11 anos. A publicação do resultado e a revisão das evidências submetidas pela Pfizer está prevista para sexta-feira. Segundo os documentos entregues pela farmacêutica, os eventos adversos registrados nas crianças não sugeriram nenhuma preocupação sobre a segurança do imunizante nesse grupo. Antes, a empresa já havia afirmado que o perfil de segurança no público infantil é comparável ao de jovens entre os 16 e 25 anos.

Mesmo com o futuro aval, o Brasil precisará encarar alguns desafios para que este público seja incluído no PNI(Programa Nacional de Imunização). José Cássio de Moraes, doutor em saúde pública e professor da FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo), explica que a Anvisa costuma levar em consideração as decisões da FDA. Porém, ainda é necessário que a Pfizer faça a solicitação formal e entregue os documentos à agência brasileira para que a bula da vacina seja alterada.

"A gente já sabia desse estudo (em crianças) e a perspectiva que tínhamos é de que realmente funcionaria, porque esse público responde melhor às vacinas do que a população mais velha”, aponta ele. “Acho que facilita muito e pesa o fato de já ter sido aprovada por outra agência reguladora de respaldo”, completa Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacina, que observa que os critérios do órgão norte-americano são tão rigorosos quanto os do brasileiro.

Os especialistas concordam que a vacinação contra a Covid em crianças é essencial principalmente para diminuir as taxas de transmissão do vírus no País. Apesar de a mortalidade neste grupo ser menor em comparação aos adultos e idosos, o Brasil é o vice-campeão mundial de óbitos infantis pelo coronavírus, atrás apenas do Peru. “Apesar de o percentual dos óbitos entre 5 e 11 anos ser pequeno, com o total geral de mortes chegando a mais de 600 mil no Brasil, isso já pode significar algo considerável. É um risco menor, mas existe”, observa Cássio.

Denise também aponta que as novas variantes, como a delta, desempenham papel fundamental na infecção desse grupo, uma vez que elas se adaptam para encontrar as pessoas mais “vulneráveis” ao vírus. “Embora a doença não se manifeste de maneira tão severa em crianças, temos dois fatores: elas também desempenham papel muito importante na cadeia de transmissão; e, mesmo que tenham um desempenho melhor com a infecção, uma morte infantil é algo muito sério”, explica. “Quando o denominador é uma criança, a coisa muda de figura.”
 
Logística

Como a Pfizer é, por enquanto, o único imunizante aprovado no Brasil para a faixa etária dos 12 aos 17 anos, a inclusão de novo público que receba exclusivamente essa vacina pode complicar o PNI para o coronavírus. Cássio defende que sejam definidas prioridades na distribuição da vacina: primeiramente, diminuir o intervalo entre as doses de reforço, de seis para quatro meses, e terminar de aplicá-las nos públicos mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos; em seguida, atender às pessoas que tomaram a primeira dose da Pfizer para que completem o esquema vacinal; depois, adolescentes de 12 a 17 anos; e, por fim, as crianças.




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