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Setor automotivo teme Ásia e Leste Europeu
Por Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
26/04/2006 | 08:28
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Para evitar perder espaço para fabricantes de automóveis da Ásia e Leste Europeu, as montadoras do Brasil precisam inovar. É isso que estava na mente de todos os palestrantes do Simpósio de Tecnologias Automotivas da SAE Brasil (em inglês, Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), realizado segunda-feira em São Paulo.

Inovação foi o mote do evento, que teve como palestrantes, entre outros, o presidente da Ciesp (Confederação das Indústrias de São Paulo), Cláudio Vaz, que disse que falta uma política de tecnologia no Brasil. “É instigante a comparação do nosso país com Índia, China e Coréia do Sul. Todos esses têm algo que não existe no Brasil: estratégia. Não é por acaso que Coréia e China se transformaram em potências na área eletrônica e automotiva. Bangalore, na Índia, era uma cidade como todas as outras, até que foi transformada em celeiro de tecnologias por empresas dos Estados Unidos”, contou.

No mesmo painel, que discutia o papel do governo na tecnologia, o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza lamentou a ausência de avanços tecnológicos no país. “Temos no Brasil não apenas uma expansão em número de doutores, mas também grande número de publicações. Mas na área de patentes, de fato, estamos muito atrás”, disse. O moderador da mesa e presidente da SAE Brasil, Gábor Deák, ressaltou essa informação com dados que mostram que das oito principais empresas patenteadoras do Brasil registraram 80 vezes menos patentes do que as oito companhias correspondentes da Coréia entre 1997 e 2001.

Educação – Para Souza, essa falta de inovação é causada pela concentração na área acadêmica em detrimento de tecnologia. Outro dado que confirma isso é o número de doutores em engenharia nas empresas e nas universidades, que no Brasil é de cerca de 20% e 70%, respectivamente, com o restante na área governamental. Nos Estados Unidos, esse dado é o inverso: mais de 70% dos doutores estão na área produtiva e nem 20% na academia. “No Brasil, os doutores não estão nas indústrias desenvolvendo tecnologias, mas nas universidades, formando novos doutores”, resume Deák.

Souza também diz que uma possível solução são as parcerias entre o setor produtivo e instituições de ensino, mas que ainda há desconfiança das instituições públicas com essa prática. “O que se vê é que ninguém apóia essas iniciativas, que são muito favoráveis. É como se fosse um crime as universidades ajudarem empresas brasileiras”, diz o ex-ministro.

Tanto Souza como Vaz disseram que o segredo está na educação e que, também para ambos, ainda é um campo “por fazer”. “A proporção de cursos de engenharia em relação ao resto é bem pequena. A expansão de cursos universitários foi concentrada nas áreas humanas, já que não houve interesse pelas universidade privadas em engenharia. A demanda de profissionais de engenharia é suprida, na maioria das vezes, por universidade públicas”, conta Souza.



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