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Cobertura vacinal contra o HPV não chega a 11%

Especialistas ressaltam segurança da imunização, que foca crianças com idade entre 9 e 14 anos

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/10/2018 | 07:00
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A vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano) registra baixa adesão no Grande ABC. De acordo com o DataSus (banco de dados do Ministério da Saúde), até agosto, apenas 8,38% das garotas de 9 a 14 anos foram imunizadas, enquanto entre os garotos de 11 a 14 a cobertura é de 10,29%. No ano passado, as coberturas foram de 12,53% para meninas e 14,02% para meninos (veja a tabela ao lado). Especialistas destacam que a vacina é segura e avaliam que a disseminação de notícias falsas impacta nos percentuais de cobertura.

Segundo o governo estadual, cerca de 153 mil crianças e adolescentes na região devem se imunizar. Os dados acumulados, ou seja, desde que a vacina foi adotada pelo calendário do SUS (Sistema Único de Saúde) em 2014 (inicialmente apenas para meninas) é de 65% para a primeira dose e 48% para a segunda. Entre os meninos, que foram incluídos no esquema vacinal no ano passado, o acumulado é de 40% na primeira e 18% na segunda. 

O HPV é uma DST (Doença Sexualmente Transmissível) que provoca verrugas na região genital e pode causar câncer. A vacina – disponível na rede pública de Saúde durante todo o ano – deve ser tomada em duas doses, com intervalo de seis meses entre cada uma e previne cerca de 80% dos cânceres do colo de útero e 90% das verrugas genitais, além de outros tipos da doença, como anal, de pênis, de vagina e de orofaringe. 

A estudante e moradora de Diadema Maria Betânia da Silva, 29 anos, vacinou a filha Tawany, 11, assim que ela completou 9 anos. “Acho importante manter todas as vacinas em dia, mas acabamos atrasando um pouco a segunda dose”. A outra filha, Victoria, 7, será imunizada assim que atingir a idade. A funcionária pública Joyce dos Santos, 38, de São Bernardo, não sabia que o filho Juan, 11, tinha que ser vacinado. “Acho importante incluir os meninos, já que em se tratando de DST’s a prevenção deve ser feita por todos. Vou levá-lo (para ser vacinado) assim que possível”, pontua. 

SEGURANÇA

A diretora de imunização da Secretaria do Estado da Saúde, Helena Sato, destaca que a proteção contra o HPV é segura e previne com eficiência contra câncer de colo de útero, quinta principal causa de mortalidade feminina no País. Para a diretora, a baixa adesão também é afetada pela disseminação de informações falsas pela internet e redes sociais. “Por ser uma vacina que previne o câncer, algumas pessoas distribuem notícias dizendo que a própria imunização causaria a doença, o que não tem fundamento”, garante. 

Outra questão apontada por Helena que resulta em resistência em vacinar as crianças é a recomendação para que a imunização ocorra antes de a criança iniciar a vida sexual. “É um entendimento moral. Para alguns pais, dar a vacina seria incentivo para que os filhos tivessem relações.”

A especialista lembra que em 2014 houve três casos de meninas que tiveram problemas de locomoção após serem imunizadas, mas o acompanhamento médico mostrou que foram reações de ansiedade pós-vacina. “Precisamos incentivar, falar sobre os benefícios (da vacina)”, conclui.




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