Nao é novidade para ninguém que hoje se compra de tudo pela Internet, de CDs a pizzas, passando por livros e passagens de aviao. O que pouca gente sabe, porém, é que há um novo produto disponível na rede: passes de jogadores de futebol. Antes restrito ao contato direto entre clubes e agentes de atletas, esse lucrativo negócio pode hoje ser realizado - ou pelo menos iniciado - na frente de um terminal de computador.

Um bom exemplo de compra e venda de passes de jogadores pela rede é a criaçao da Player Exch@nge, a primeira bolsa eletrônica para negociaçao envolvendo atletas profissionais. O site, que começa a funcionar no fim do ano, vai tornar possível a apresentaçao de currículos, a exibiçao de vídeos de jogadores desempregados e ofertas de passes para empréstimo, venda e compra.

"O objetivo da bolsa é ser uma ferramenta de suporte no processo de disseminaçao de informaçoes sobre jogadores", explica o empresário Carlos Sá, responsável pela Winner, empresa de gestao e desenvolvimento de projetos na área esportiva. "Pelo site, será possível encontrar e comprar o passe de um jogador pela idade, posiçao, estilo de jogo, entre outras características do atleta."

Segundo Sá, em um ano o projeto vai mudar o "processo cultural de negociaçao de passes de jogadores". Para isso, será feito um investimento, até o fim do ano, de aproximadamente R$ 1 milhao. Além da Winner, haverá mais quatro parceiros no consórcio: a empresa de desenvolvimento de tecnologia Open Mind, uma pessoa ligada à área de futebol, uma empresa do mercado financeiro e um investidor norte-americano.

Os nomes dos demais integrantes do consórcio ainda nao foram definidos, mas, de acordo com Sá, os investimentos vao garantir a segurança das negociaçoes. "Se houver inadimplência, haverá um fundo para garantir o pagamento ao clube ou atleta cadastrado", diz o empresário.

O Player Exch@nge já tem fechadas parcerias com 12 clubes, a maioria do Nordeste e Norte (entre eles o Náutico e o Paysandu). Sá também tem garantida a participaçao de quatro empresários de futebol, mas prefere nao divulgar nomes por enquanto. Se tudo der certo, os grandes clubes brasileiros poderao cadastrar-se já em janeiro. Nos cálculos de Sá, o lucro com as negociaçoes (o consórcio tem participaçao de 1% a 3% das vendas) pode chegar a R$ 25 milhoes em três anos.

Para complementar o projeto da bolsa eletrônica, a Winner está montando em cidades como Fortaleza, Sao Luís, Belém e Recife o Centro Independente de Desenvolvimento de Talentos, cujo objetivo é formar jogadores. Para evitar eventuais complicaçoes quando acabar o passe, como prevê a Lei Pelé, a Winner vai trabalhar com três modalidades esportivas em cada centro.

Quem nao quiser esperar a Player Exch@nge entrar em operaçao pode acessar o site www.acheiatleta.com.br, que funciona desde o ano passado e tem um cadastro de jogadores (quase todos desconhecidos) de todas as categorias, além de técnicos, preparadores físicos e outros profissionais do futebol. Pelo site, é possível enviar currículos dos atletas, mediante pagamento de uma taxa mensal.

Liquidaçao - Outro exemplo de negociaçao de passes de jogadores via Internet vem da Argentina. O Racing, um dos mais tradicionais clubes do país, está vendendo os passes de todos os jogadores da equipe profissional pelo site www.racing.com.ar. A decisao dos dirigentes argentinos deve-se mais à situaçao financeira crítica que o clube vive, que pode comprometer todo o seu patrimônio, incluindo a sede de Avellaneda, em Buenos Aires.