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São Caetano deixa 90 alunos do ensino médio sem escola

Prefeitura encerra nível na Emef Oscar Niemeyer e só avisa alunos e responsáveis por meio de publicação no Diário Oficial da cidade

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
11/11/2021 | 00:10
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André Henriques/ DGABC


A partir do ano que vem, a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Oscar Niemeyer não terá mais vagas para alunos que vão ingressar no ensino médio no próximo semestre, e deixará 90 estudantes de fora da escola. Decisão da Prefeitura de São Caetano foi anunciada de última hora e surpreendeu pais, alunos e professores, que protestaram ontem em frente à instituição contra a decisão do Paço. Mais de 100 pessoas comparecem à manifestação e pediram pela permanência do curso.

Os rumores sobre mudança estavam já estavam circulando nas redes sociais, e um dia antes de publicar a decisão no Diário Oficial, a administração informou a medida durante reunião de pais e mestres. Após o anúncio, pais e alunos foram à Secretaria Municipal de Educação e no gabinete do prefeito interino Tite Campanella (Cidadania) cobrar providências.

A medida prevê a mudança de estrutura na rede municipal de ensino da cidade e, com isso, a escola Oscar Niemeyer não oferecerá mais o 1º ano do ensino médio. Os alunos do 2º e 3º anos, que já estão matriculados, devem continuar cursando no ano que vem. Segundo a resolução, os estudantes do 9º ano deverão ser remanejados para a Emefm (Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio) Alcina Dantas Feijão, que fica pouco mais de dois quilômetros de distância, ou para o colégio Universitário da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). 

A decisão não agradou à pedagogia Ana Carolina, 56 anos, (nome fictício), mãe da Giovana, 14, (nome fictício), que é aluna do 9º ano na Oscar Niemeyer. Elas pediram para não ser identificadas com medo de represálias. Ana, que participou da manifestação ao lado dos alunos, acredita que a instituição oferece um dos melhores ensinos da região e pretende lutar para que sua filha possa continuar na escola. “Aqui em São Caetano temos excelentes escolas, no entanto, em relação ao ensino médio não são todas as públicas que oferecem ensino de qualidade. Minha filha tinha muitas dificuldades com matemática e desde que ela entrou na Oscar ela já participou de duas olimpíadas de matemática”, conta orgulhosa a mãe. 

Sem saber onde irá matricular a filha no próximo ano, Ana revela a insatisfação com a maneira que o Paço lidou com o caso. “Fomos avisados na reunião de pais, que ocorreu na terça-feira. As duas opções que nos deram são complicadas, os alunos que tiverem boas notas irão ganhar bolsa no colégio privado (USCS) e quem tiver nota menor será remanejado para o Alcina. Todos sabem que aquela escola (Alcina) está jogada às moscas, não deram nem um ano para gente fazer escolha, os pais estão apavorados”, finaliza. 

Grupos de pais organizaram abaixo-assinado com mais de 300 assinaturas e irão levar pessoalmente nos próximos dias na Câmara na expectativa de reverter a decisão. 

ENSINO PREOCUPA

A professora de espanhol da Oscar, Rubia Larrubia, 41, que também participou da manifestação, ressalta a qualidade no ensino ofertado na unidade. “A nossa escola é bem menor que as outras e, por isso, conseguimos oferecer mais acolhimento. Todos os funcionários conhecem os estudantes pelo nome, conhecem suas histórias, e isso deixa o ensino mais humanizado”, relata Rubia.

A docente também chama atenção para educação inclusiva oferecida e se preocupa com a qualidade do ensino que será ofertado na Alcina, localizada no Nova Gerti. “Temos cerca de 30 alunos com deficiência matriculados no ensino médio e todas as salas contam com apoio de profissional exclusivo para esses estudantes. Não sabemos como será a inclusão na Alcina, que tem uma péssima fama na comunidade”, disse. 

A preocupação da distribuição dos estudantes também preocupa quem estuda na escola que receberá os alunos. Sheila Cristina Matias de Jesus, 46, é mãe da estudante do 2º ano Júlia Matias de Jesus, 17, e reclama da falta de professores e do excesso de aulas vagas no ensino médio. “Querem tirar as vagas da Oscar Niemeyer e passar para o Alcina, sendo que a escola tem professores insuficientes para atender à própria demanda. Na quinta-feira, por exemplo, minha filha teve cinco aulas vagas e na sexta foram quatro. Ela está sem professor de biologia e de física, e a escola já informou que este ano não terão mais as matérias porque não terá docente para repor. É um absurdo”, desabafa Sheila. 

Em nota, o Paço justificou o remanejamento dos alunos como parte da mudança na estrutura da rede, com ampliação de vagas para o ensino fundamental 2 e a abertura de 100 vagas no ensino médio do Alcina, passando de 1.200 para 1.300. Sobre a situação das matrículas para os estudantes que ficaram sem escola no próximo semestre, a Prefeitura argumentou que “os alunos que quiserem estudar no Alcina ou no Colégio USCS terão que se inscrever. No ato de inscrição o candidato irá informar que escola prefere e terá seu histórico escolar avaliado”, informou o documento.




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