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São Caetano vive à espera do TSE para definir quem será prefeito

Às vésperas de a vitória de Auricchio completar um ano e com 2022 se avizinhando, TSE empaca ação, trava costuras eleitorais e prolonga desmontes da gestão interina

Por Júnior Carvalho
do Diário do Grande ABC
07/11/2021 | 00:01
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DGABC


Quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda avançava lentamente na morosa apuração das eleições do ano passado, aliados do então prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) decidiram anunciar a reeleição do tucano a apoiadores que acompanhavam a contagem dos votos. Naquele dia, em 15 de novembro, o tucano não estava no comitê porque ainda se recuperava da Covid-19, que havia contraído semanas antes do pleito.

Filho de Auricchio, o deputado estadual Thiago Auricchio (PL), compartilhou nas redes sociais montagem da clássica cena da comemoração de Galvão Bueno e Pelé pelo tetracampeonato do Brasil na Copa de 1994. Foi uma alusão à vitória de Auricchio, que havia acabado de obter votos suficientes (42.842) para ser conduzido ao quarto mandato (2005-2008; 2009-2012; 2017-2020) à frente do Palácio da Cerâmica.

A despeito de os votos do tucano já estarem subjudice na ocasião, por decisão da Justiça Eleitoral de São Caetano, auricchistas minimizavam o impasse e apostavam em virar o jogo nas instâncias superiores. Em dezembro, porém, a inelegibilidade imputada ao tucano por causa de condenação eleitoral recebida anos antes foi confirmada pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). A partir de então, Auricchio já passava a admitir que poderia não tomar posse no dia 1º de janeiro, mas a aposta dos governistas era a de que a novela se encerrasse logo. Amarraram, então, a vitória do vereador Tite Campanella (Cidadania) à presidência da Câmara, a fim de garantir um aliado na linha sucessória.

Às vésperas de a vitória de Auricchio completar um ano, na semana que vem, São Caetano ainda aguarda esse desfecho. No fim do mês passado, a notícia de que o TSE havia marcado julgamento virtual do recurso do tucano deixou a classe política em polvorosa. Contudo, a expectativa pelo fim do impasse – o resultado decidirá se o tucano volta ao Paço ou se haverá novas eleições – foi substituída pela frustração com o pedido de vistas do ministro Luís Roberto Barroso, presidente da corte. Àquela altura, Auricchio contabilizava dois votos a seu favor (Luis Felipe Salomão, então relator; e Edson Fachin). Além do próprio Barroso, ainda esperam para votar os ministros Nunes Marques, Mauro Campbell Marques, Sérgio Banhos e Carlos Horbach. Até ontem à noite, o acompanhamento virtual do processo no site no TSE não indicava previsões de quando Barroso vai destravar a ação.

CONSEQUÊNCIAS

A demora para a definição vem causando consequências. Desde janeiro no comando do governo, Tite chegou a se distanciar de Auricchio e trocou secretários próximos do tucano. Sob o comando do Paço, também passou a adotar medidas indigestas à população e à margem do plano de governo escolhido nas urnas.

Do início do ano para cá, Tite cortou o vale-merenda, abriu brecha para dar calote no vale-uniforme dos estudantes e mexeu até na educação, com a redução da oferta de vagas municipais da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Como vem mostrando o Diário nos últimos dias, o prefeito interino também decidiu aumentar em 50% o valor da Zona Azul à revelia de decisão judicial que respaldava o congelamento da tarifa.

No campo político, movimento costurado pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), tentou aproximar o prefeito interino do hoje oposicionista Fabio Palacio (PSD), segundo colocado no pleito de 2020. Mais recentemente, entretanto, Tite recuou e passou a dar sinais de que segue com Auricchio.

As incertezas são materializadas na Câmara, onde o governo interino detém maioria na casa, mas assiste a aliados se mexendo nos bastidores visando eventual nova eleição. A espera cautelosa acontece porque alianças eleitorais visando 2022 também passam pela conclusão sobre quem comandará o Palácio da Cerâmica. 




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