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São Caetano mantém rejeição aos radares
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
25/09/2004 | 16:31
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São Caetano é uma das duas cidades da região que não conta com radares em suas vias (a outra é Rio Grande da Serra). O resultado dessa política são os abusos freqüentes de excesso de velocidade, que já protagonizaram tragédias. A última delas, ocorrida em meados de julho, teve como palco a avenida Goiás. Foi em uma tarde de domingo. Ao lado de dois amigos, um rapaz de 20 anos perdeu o controle de seu carro e invadiu um ponto de ônibus às margens da pista. Três pessoas morreram no acidente, entre elas uma criança de oito anos.

O motorista do veículo chegou a passar 87 dias encarcerado e hoje responde em liberdade ao processo de triplo homicídio com dolo eventual - por ter assumido o risco de matar aquelas pessoas. Para o diretor do Departamento de Trânsito de São Caetano, Marcelo Ferreira, esse acidente não teria sido evitado caso a avenida contasse com recursos para o controle de velocidade. “Nós tivemos a informação de que o condutor já havia passado por várias outras avenidas em alta velocidade antes de atropelar aquelas pessoas. Foi uma fatalidade que não tinha como ser evitada”, acredita.

Hoje, mais de três meses depois do acidente, nada mudou no cruzamento entre as avenidas Goiás e Doutor Augusto de Toledo. “O maior problema no trânsito de São Caetano é justamente a falta de controle de velocidade. À noite, a Goiás se transforma. É comum ver carros voando ao seu lado”, afirmou o taxista Marcílio Escarmelotti, de 68 anos, 42 deles vividos na profissão. Segundo o departamento de trânsito municipal, a ausência de radares é suprida pela presença de uma equipe formada por quase 50 fiscais, que estaria distribuída nos principais trechos viários da cidade, entre eles a avenida Goiás.

Nesta sexta, no entanto, a reportagem do Diário circulou pela via de ponta-a-ponta, mas não encontrou nenhum fiscal de plantão. “O que acontece é que São Caetano não tem os mesmos problemas das outras grandes cidades da região (referindo-se a Santo André e São Bernardo). Aqui, temos só três vias de grande circulação: as avenidas Presidente Kennedy, Guido Aliberti e, é claro, a Goiás. Em todas elas, o sistema de monitoramento é o mesmo (por fiscais). Por esse motivo, hoje não necessitamos de radares na cidade e não temos qualquer intenção de instala-los”, garantiu Ferreira.

Em contrapartida, para tentar reduzir o número de acidentes - que não foi informado à reportagem -, a cidade investe em obras de melhoria. Nesse mês, um trecho de quase dois quilômetros da Guido Aliberti ganhou canteiro central. Desde então, o local, que era palco de um grande número de acidentes, não registrou qualquer ocorrência. O mesmo ocorreu com outros três cruzamentos tidos como perigosos e que nos últimos 20 dias receberam semáforos: rua Madeira com alameda Conde de Porto Alegre; rua Iguaçu com avenida Tietê; e avenida Vital Brasil com rua Rio de Janeiro. “Era um absurdo as coisas que aconteciam nesse cruzamento (Rio de Janeiro com Vital Brasil). A cada 15 dias tinha uma batida. Em uma delas, uma Kombi levou uma fechada e quase invadiu meu prédio”, disse Daniel Silva, 28 anos, diretor de uma escola de idiomas. O choque foi evitado graças a uma série de postes que o dono do edifício instalou junto à calçada, justamente para evitar a colisão.




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