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Opep é criticada pelos altos preços do petróleo
Da AFP
30/04/2004 | 16:00
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De várias partes do mundo, as críticas à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) multiplicam-se, devido aos preços elevados do produto e diante do comportamento das autoridades do cartel, que parecem satisfeitas com esta situação.

Nesta sexta-feira, o preço do Brent chegou a US$ 35 dólares por barril pela primeira vez desde outubro de 2000, impulsionado pela preocupação com a possível falta de gasolina nos Estados Unidos antes do período de maior consumo.

O novo aumento recorde dos preços chamou a atenção do G-7, o grupo dos países mais ricos do mundo, que se encontrou no último fim de semana, em Washington, e alertou para as conseqüências do aumento dos preços do petróleo no crescimento econômico.

Esta semana marcou a entrada dos europeus no assunto, do qual haviam permanecido afastados - ao contrário dos americanos - devido à fortaleza do euro, que parecia torná-los menos vulneráveis.

Uma a uma, as intervenções de autoridades européias se multiplicaram. "Os preços estão em um nível crítico", opinou o economista-chefe do BCE (Banco Central Europeu), Otmar Issing. Segundo o presidente do banco, Jean-Claude Trichet, a alta dos preços prejudicará o crescimento e a inflação, uma possibilidade que deixou preocupadas autoridades de França e Grã-Bretanha.

Os Estados Unidos são o maior prejudicado pela alta dos preços do petróleo, e autoridades americanas mudaram o tom de seu discurso nos últimos meses, à medida que os temas da alta dos preços da gasolina e das relações com a Arábia Saudita, líder do cartel, entraram na campanha eleitoral para a Presidência.

Nos últimos dias, o cartel defendeu-se das acusações de que seria o responsável pela alta dos preços. Segundo a Opep, os motivos escapam de seu controle. A discussão sobre a responsabilidade da organização, que produz cerca de um terço do cru mundial, foi retomada quando alguns de seus membros declararam publicamente que a faixa de flutuação do preço do barril (entre US$ 22 e US$ 28 dólares) deveria ser modificada, já que, apesar de oficial, há meses não corresponde à realidade.

Segundo especialistas do Centre for Global Energy Studies, com sede em Londres, o objetivo real da Opep é "um preço superior a US$ 30 dólares por barril". Esta semana, o presidente do cartel, o ministro indonésio do Petróleo, Purnomo Yusgiantoro, provocou polêmica nos mercados ao insinuar um aumento de US$ 0,04, destinado a amenizar os efeitos da desvalorização do dólar, que reduz a receita obtida com o petróleo, comprado e vendido na moeda americana.

A idéia, lançada em outubro passado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, poderá ser discutida na próxima reunião não-oficial da Opep, nos dias 22, 23 e 24 de maio, em Amsterdã, indicou o ministro de Energia do Qatar, Abdallah Ben Hamad Al-Attiyah. Mas ela tem poucas chances de ser aprovada, já que a Arábia Saudita, maior produtor mundial, não a aceita e continua defendendo uma margem de US$ 22 a US$ 28 dólares, considerando um preço de US$ 25 dólares por barril justo tanto para produtores quanto para consumidores.




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