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Chávez entrega poder a militares; líder de empresários assume
Do Diário OnLine
12/04/2002 | 08:30
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Sob forte pressão popular e militar, Hugo Chávez Frías foi obrigado a renunciar à presidência da Venezuela na madrugada desta sexta-feira. Um governo de transição assume oficialmente pela manhã, com o apoio das Forças Armadas, mas sob o comando de um civil: Pedro Carmona Estanga, presidente da Fedecámaras, entidade empresarial que organizou a greve geral desta semana no país.

Além de Estanga, pelo menos mais um membro do governo provisório está definido: o comandante-geral do Exército, general Efraín Vásquez Velasco, novo chefe das Forças Armadas.

"Terei a responsabilidade de comandar o país enquanto eleições democráticas serão convocadas, e brevemente", disse Estanga em seu primeiro pronunciamento como presidente da Venezuela, por volta das 5h (6h em Brasília). Ele afirmou que houve um consenso sobre a necessidade de um governo de transição para garantir o restabelecimento da democracia por meio de um processo eleitoral a curto prazo.

Chávez está sob a custódia das Forças Armadas em um quartel de Caracas, até que "seja definida sua situação". Informações não oficiais dão conta de que o ex-presidente será processado por crime contra a pátria.

Chávez e o grupo leal a ele tentaram negar o movimento golpista inicialmente. Mas o presidente acabou se entregando a três militares no Palácio Presidencial de Miraflores, em Caracas, por volta de 1h20 (horário local – 2h20 de Brasília).

Ele permaneceu no palácio até por volta das 4h (5h em Brasília), quando oficializou sua renúncia e partiu sob forte escolta militar para o Forte Tiuna, o maior quartel de Caracas e sede do Ministério da Defesa.

Banho de sangue - A situação de Chávez, reeleito em julho de 2000, tornou-se insustentável depois da suspensão do sinal de transmissão de cinco redes de TV privadas e da repressão a tiros ao protesto ocorrido nesta quinta em Caracas. Pelo menos 11 pessoas morreram e 100 foram feridas. O Alto Comando Militar exigiu a renúncia do presidente, acusado de promover um regime autoritário e antidemocrático.

O comandante-geral do Exército da Venezuela, general Efraín Vásquez, negou que tenha ocorrido um golpe de estado e pediu perdão ao povo venezuelano pela repressão da polícia aos protestos desta quinta. “Isto não é um golpe de estado, é uma manifestação de solidariedade com todo o povo venezuelano”, disse.

Segundo o ex-ministro das Finanças, Francisco Usón, Chávez entrou em acordo com os militares e concordou em renunciar para “facilitar” a formação de um novo governo, uma vez que o país já estava sob o controle dos militares. Usón disse que o poder escapou das mãos de Chávez depois da repressão ao protesto. "Eu disse a ele (Chávez) que o confronto visto tinha colocado o governo em uma posição muito difícil, que a governabilidade estava perdida e que era preciso a remoção completa do gabinete". Todos os ministros deixaram o governo com Chávez.

Impopularidade - O protesto desta quinta em Caracas reuniu cerca de 500 mil pessoas, que pediam a renúncia de Hugo Chávez. Segundo o presidente da Assembléia Nacional, as 11 pessoas mortas na manifestação eram partidárias do presidente que foram atingidos por disparos de atiradores de elite.

Chávez foi eleito presidente em 1998 e reeleito em julho de 2000, com 59% dos votos. Seu mandato terminaria em 2007. A insatisfação da população e das Forças Armadas com o governo vinha aumentando nos últimos meses, à medida que a crise econômica se agravou. Chávez, que se autoproclamava “presidente dos pobres”, foi acusado de promover um regime autoritário, com medidas anti-democráticas.

Com agências




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