Cultura & Lazer Titulo Cinema
Rebelião primata
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
26/08/2011 | 07:01
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Mexer com clássicos nunca é trabalho fácil. Apesar de algumas produções não funcionarem como uma nova versão de antigos títulos, os estúdios sempre buscam reviver universos ligados a grandes sucessos. É possível elaborar significativa lista com casos que não deram certo, mas 'O Planeta dos Macacos - A Origem' não estaria no levantamento. Ao buscar respostas para os acontecimentos do famoso longa-metragem de ficção científica da década de 1960 - ou para a versão de Tim Burton do início dos anos 2000 -, o filme encontra o tom certo para se desenvolver e não ficar preso à trama original.

O público imaginado para lotar as salas a partir de hoje promete ser diversificado. Fãs da cinessérie que marcou época e espectadores que jamais assistiram a um dos episódios irão se deparar com uma obra que se sustenta sozinha. Não é necessária nenhuma informação prévia para se divertir e sentir a tensão criada em roteiro que apresenta estranhos rumos que a humanidade pode seguir.

Um dos poucos seres humanos que realmente importam é Will (James Franco, indicado ao Oscar por '127 Horas'), cientista que sonha em encontrar a cura para o mal de Alzheimer e ajudar o pai doente. Ele testa diferentes drogas em macacos em laboratório e descobre que uma das substâncias é capaz de fazer com que os primatas fiquem superinteligentes.

A maior esperança do rapaz está em Cesar, chimpanzé criado como se fosse seu próprio filho. As dificuldades em lidar com o animal dentro de casa (e na vizinhança) fazem com que ele seja mandado para um estranho abrigo. O horror do local influencia Cesar de maneira com que ele lidere rebelião para fugir para a floresta.

O drama pessoal do relacionamento entre o chimpanzé e Will é deixado de lado para dar seguimento à versão de filmes de prisão com macacos no papel de pessoas. O carcereiro cruel, a briga pelo poder interno, o bandido isolado e a cumplicidade dos novos companheiros são elementos presentes no roteiro da dupla Rick Jaffa e Amanda Silver. O fenomenal trabalho de efeitos especiais na captura de movimentos para dar vida aos animais faz com que tudo fique muito mais verossímil do que realmente é.

Na medida em que Will e a empresa onde trabalha desenvolvem uma droga ainda mais poderosa, os verdadeiros protagonistas ficam cada vez mais espertos e humanizados - no melhor e pior significados da palavra. O processo de organização entre chimpanzés, orangotangos e gorilas simboliza como a busca gananciosa das pessoas acaba por resultar na ignorância em relação a outros assuntos que imaginamos dominar.

O diretor Rupert Wyatt, que estreia à frente de uma superprodução hollywoodiana, presta homenagem a um clássico sem qualquer referência e explicando de maneira coesa como será o futuro. E pelo o que é dito no filme, não estaremos nele.




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