O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado ligado a movimentos sociais e a entidades de defesa dos direitos humanos, deve ser o presidente da Câmara a partir de 2005. O nome dele foi escolhido nesta quarta-feira pelo Campo Majoritário, que é a tendência política com mais votos dentro do PT. A eleição para a nova Mesa Diretora da Câmara será apenas em 14 de fevereiro de 2005.

A eleição para a presidência e os demais cargos da Mesa Diretora é secreta. Mas é tradição que o presidente seja indicado pela maior bancada – o PT tem 90 deputados - e que os demais cargos sejam distribuídos proporcionalmente de acordo com as bancadas dos partidos.

A escolha de Greenhalgh foi costurada após mais de 9h em diversas reuniões entre os deputados petistas e o presidente da legenda, José Genoino. O jogo virou a favor do advogado apenas nas negociações desta quarta-feira, pois ele conseguiu por um triz chegar ao ‘segundo turno’ da eleição interna petista.

Na terça-feira, na reunião da bancada para definir quais seriam os três candidatos finalistas, Greenhalgh foi apenas o terceiro mais votado, ao lado do atual líder do PT na Casa, Arlindo Chinaglia (SP). O vencedor foi Virgílio Guimarães (MG), com 47 votos, seguido de perto pelo líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (SP), com 45. Àquela altura, Greenhalgh apenas ‘corria por fora’, pois seu nome não tem trânsito fluente entre os demais partidos na Câmara.

A disputa ganhou contornos mais claros no final da manhã desta quarta, quando Genoino disse que Professor Luizinho desistiria da disputa com Virgílio Guimarães para "facilitar a unidade da bancada". Mas o Campo Majoritário voltou seus ponteiros em direção de Greenhalgh e decidiu indicá-lo para a presidência da Casa.

Resistência – Um dos principais trabalhos de Genoino nos bastidores tem sido para diminuir a resistência dos deputados – petistas ou não – ao nome de Greenhalgh. Na terça-feira, por exemplo, o presidente da legenda conversou com o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), um dos líderes da bancada ruralista, para defender o advogado, que é intimamente ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra).

Mas a indicação de Greenhalgh não é consenso nem mesmo no PT. A escolha dele pelo Campo Majoritário significa uma vitória da ala mais à esquerda da legenda contra João Paulo Cunha (SP), o atual presidente da Câmara, que apoiava Virgílio Guimarães.