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Coréia do Norte considera resolução da ONU 'declaração de guerra'
Do Diário OnLine
Com AFP
17/10/2006 | 17:22
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A Coréia do Norte qualificou nesta terça-feira de "declaração de guerra" a resolução adotada pela ONU contra seu regime em represália ao teste nuclear, provocando a resposta dos Estados Unidos e da União Européia, que advertiram que o regime comunista não deve realizar um segundo teste nuclear. Paralelemente, os Estados Unidos iniciaram uma ofensiva diplomática para que a Coréia do Sul e a China apliquem sem falhas as sanções nas fronteiras entre os dois países.

"É evidente que a resolução do Conselho de Segurança da ONU só pode ser interpretada como uma declaração de guerra contra a RPDC (República Popular Democrática da Coréia)", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores na primeira reação de Pyongyang após a aprovação da resolução da ONU.

Numa declaração adotada na terça-feira, os 25 países da União Européia exigiram que Pyongyang "se abstenha de realizar qualquer novo teste nuclear ou lançamento de mísseis" e condenaram "firmemente" o teste nuclear de 9 de outubro.

Um novo teste "constituiria um ato de excepcional irresponsabilidade desse país, o que apenas reforçaria seu isolamento", segundo a França, que ameaçou com "novas medidas" por parte da ONU.

Em Washington, a Casa Branca também advertiu a Coréia do Norte de que um novo teste nuclear não seria "algo bom" para os norte-coreanos". "Se acreditam que (a comunidade internacional) deixará passar isto, estão equivocados", declarou o porta-voz presidencial americano, Tony Snoz.

A China, estreito aliado do regime norte-coreano, e a Coréia do Sul também reagiram negativamente.

"O mais importante agora é que todas as partes envolvidas evitem fazer algo que possa agravar as tensões", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Liu Jianchao.

A advertência norte-coreana chega no momento em que Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos afirmam ter informações segundo as quais a Coréia do Norte estaria preparando um segundo ensaio nuclear.

Pyongyang advertiu também que será implacável com todo aquele que pretenda violar sua soberania devido à aplicação das sanções.

"Infligiremos golpes implacáveis, e sem vacilações, a qualquer um que tentar violar nossa soberania com o pretexto de aplicar a resolução do Conselho de Segurança", informou o porta-voz da chancelaria de Pyongyang citado pela agência KCNA.

A advertência de Pyongyang faz clara alusão à "inspeção de cargas com destino ou procedentes da Coréia do Norte" exigida pela resolução 1718 da ONU para verificar que não contenham materiais ligados à fabricação de armas de destruição em massa.

Esta cláusula suscitou a preocupação da China e da Coréia do Sul diante do risco de que provoquem um conflito de grande escala.

Nesta terça-feira, Pequim afirmou que aplicará "com seriedade" a resolução da ONU, mas advertiu que levará em consideração suas "regras comerciais e leis nacionais".

"Recebemos informações sobre um segundo teste, mas não posso divulgar os detalhes", declarou nesta terça-feira em uma entrevista coletiva à imprensa o ministro japonês das Relações Exteriores, Taro Aso.

Em Seul, uma autoridade governamental citada pela agência Yonhap disse que também havia detectado sinais suspeitos, mas frisou que poderiam se tratar de atividades militares sem relação com um ensaio atômico.

"Esperamos qualquer coisa, mas somos muito prudentes quando analisamos as informações relativas à Coréia do Norte", disse solicitando o anonimato.

Segundo a rede de televisão americana NBC, os satélites espiões americanos detectaram atividades humanas e movimentos de veículos próximo do local em que a Coréia do Norte testou sua primeira bomba atômica, no dia 9 de outubro.

Uma autoridade da inteligência americana afirmou no entanto que não havia no momento provas de que o ensaio seja iminente.

O regime de Pyongyang já havia advertido que poderia efetuar um segundo teste nuclear, mas que isto dependeria da postura adotada pelos Estados Unidos.

Estas suspeitas ressurgem no momento em que Washington lança uma vasta ofensiva diplomática para se assegurar da aplicação das sanções aprovadas pela ONU.

O principal negociador americano para a questão norte-coreana, Christopher Hill, chegou nesta terça-feira a Seul para organizar uma reunião prevista para quinta-feira, da qual participarão Condoleezza Rice e os ministros das Relações Exteriores japonês, Taro Aso, e sul-coreano, Ban Ki-moon, próximo secretário-geral da ONU.

"A Coréia do Norte pagará muito, muito caro por este tipo de comportamento irresponsável", declarou Hill.

A missão diplomática americana busca lembrar aos vizinhos da Coréia do Norte suas "obrigações", em particular a Pequim e Moscou, deixando claro que o Irã "observa" a resposta dada ao desafio norte-coreano, informou Rice.

Nesta terça-feira, a primeira-ministra sul-coreana reiterou as reticências de Seul a respeito das sanções, afirmando que estas devem fazer com que a "Coréia do Norte retorne às negociações", e não "serem implementadas de maneira que possam desencadear um conflito armado".

O primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov, chegou também nesta terça-feira a Seul para se reunir com o presidente sul-coreano, Roh Moo-Hyun.

Tanto Myeong-sook quanto Fradkov pediram a aplicação "total" da resolução das Nações Unidas. 



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