Do total de imagens, 14 são aéreas, obtidas a bordo de helicóptero. Em reproduções coloridas de 30cm x 45cm, avenidas, ferrovias e edificações retratadas a dezenas de pés de altura formam uma trama de aço e concreto que impõe-se sobre a população. Casas viram átomos, quarteirões parecem moléculas e bairros, organismos.
“As pessoas não fazem idéia de como é a cidade vista do céu. A fotografia aérea busca essa outra perspectiva, as geometrias muito interessantes formadas por casas e ruas e sobre as quais não se tem noção a partir do chão”, diz Ferreira. O geometrismo é flagrante, por exemplo, na imagem obtida em uma porção residencial da Vila Santa Teresinha, em que a praça Rui Barbosa funciona como núcleo de ondas circulares cujas cristas são formadas pelos tetos e lajes das casas.
O lirismo visual é igualmente percebido no retrato sobranceiro da rua Coronel Oliveira Lima, endereço comercial hoje coberto por uma estrutura semicilíndrica. É como se um cateter perfurasse a monotonia retangular da região central andreense.
A poética é conseqüência, e não requisito, das imagens expostas. Quando a Câmara solicitou o material à Fotografia do Diário, a predileção era por “lugares que conseguissem mostrar a identidade de Santo André do alto”, segundo Ferreira. Esses marcos andreenses estão representados no loteamento imagético realizado por Magão e Ferreira. Dessa maneira, Utinga e Oliveira Lima estão lado a lado com vistas aéreas das ruas Perimetral e Pereira Barreto, do estádio Bruno Daniel, da avenida do Estado, de um trecho da represa Billings e do Paço.
São retratos monumentais pela coletividade e pela aglomeração arquitetônica, diferentemente das fotos da escultura de João Ramalho no Paço, do Sesc Santo André e da Igreja do Carmo – monumentos por si só e os três únicos retratos efetuados no solo, sem transporte aéreo.
Se a poética repete-se no solo tanto quanto no ar, a captação da imagem não. “Dentro do helicóptero, é preciso tomar cuidado para não deixar aparecer na fotografia nem a hélice nem a porta (do helicóptero)”, afirma Ferreira. É comum o piloto fazer manobras para facilitar o trabalho, como o movimento de inclinar o helicóptero a ângulos de 40 graus para que as peças da aeronave não interfiram. Detalhe: o fotógrafo está seguro apenas por um cinto, quase pendendo pela porta do helicóptero.
Uma entre tantas preocupações do profissional é fazer as fotos entre as 10h e as 13h, portanto com o sol a pino, para evitar sombras.
Fotos Aéreas de Santo André – Coletiva de fotógrafos do Diário. Abertura nesta terça. No piso superior da Câmara de Santo André (Paço Municipal). De segunda a sexta, das 8h às 18h. Entrada franca.
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