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Polícia mata 13 suspeitos de facção; todos eram procurados
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
27/06/2006 | 07:49
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Treze pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital) foram assassinadas ontem em São Bernardo e Diadema por policiais civis nos arredores do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo. Cinco outras foram presas na ação e 14 armas foram apreendidas.

Segundo a polícia, os mortos e detidos tinham o objetivo de matar de cinco a 15 agentes penitenciários que sairiam do trabalho na unidade prisional do bairro Cooperativa, às 7h. A polícia diz que houve reação à prisão e, por isso, troca de tiros, que resultou nas mortes. O plano inicial incluía também ataques a agentes nos CDPs de Santo André, Diadema e Mauá.

Todos os mortos e presos fazem parte de relação de 80 nomes de integrantes da facção criminosa que atuam no Grande ABC, conforme listagem elaborada pela polícia de Santo André após os atentados promovidos em maio e publicada pelo Diário na última quinta-feira.

Segundo o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos, que chefiou a operação, a morte dos agentes penitenciários seria uma retaliação da facção ao endurecimento no tratamento dos presos após a onda de ataques ocorrida no Estado. Banhos de sol foram limitados e a comunicação entre muitos detidos também, entre outras medidas adotadas pelos agentes.

Por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e informações obtidas de dentro do sistema prisional, a Polícia Civil do Grande ABC tomou conhecimento do plano há 10 dias. “A ordem para execução saiu de dentro do sistema prisional. Não conseguimos saber ainda de qual unidade”, afirmou o delegado. Provavelmente o plano contou com o aval do líder máximo do PCC, Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola.

Segundo a polícia, a liderança da facção ordenou que as mortes teriam de ser executadas em 10 dias, senão, os próprios comandados seriam assassinados. Conforme o prazo, ontem era o nono dia.

De acordo com o plano inicial, haveria também ataques nas imediações dos CDPs de Santo André, Diadema e Mauá. “Por um motivo que ainda não esclarecemos, os criminosos resolveram de última hora concentrar as mortes em São Bernardo”, disse Santos.

Ontem, às 5h30, aproximadamente 25 pessoas ligadas ao PCC chegaram em seis carros nos arredores do CDP de São Bernardo e se concentraram principalmente na estrada Samuel Aizemberg. “A ordem do PCC era matar os agentes no ponto de ônibus ou no próprio meio de transporte”, afirmou o delegado seccional.

Os integrantes do bando ficaram distribuídos em um ponto de ônibus em frente à empresa Basf e próximos de dois postos de gasolina no local, além de ocuparem os veículos. Segundo testemunhas, alguns dos criminosos, para disfarçar, vestiram até uniformes de empresas próximas.

A polícia monitorava toda a ação e 70 policiais civis de São Bernardo e de Diadema foram deslocados para o local a partir das 3h30. Às 7h, quando três agentes penitenciários deixaram o CDP na troca de turno, a polícia recebeu a informação de que eles seriam mortos.

Nesse momento, segundo a polícia, foi dada voz de prisão aos criminosos e houve resistência, tendo início o tiroteio. Dez pessoas foram mortas nos arredores: seis perto de um posto de gasolina, duas no ponto de ônibus, uma em outro posto de gasolina e outra na rua Rio de Janeiro. De acordo com a polícia, quatro presos se entregaram sem resistência e nove armas foram apreendidas. Um policial civil recebeu um tiro no peito, mas a bala foi amortecida pelo colete e não houve ferimento.

Quatro integrantes do bando fugiram correndo e conseguiram passar por uma passarela na altura do Km 21 da Imigrantes, no Jardim Inamar, em Diadema. Em uma praça após a passagem, houve novo confronto com a polícia, resultando em três mortos. Um dos acusados foi detido e cinco armas apreendidas.

Todos os mortos foram levados para hospitais municipais nas cidades respectivas. Oficialmente, morreram após dar atendimento médico. “Terminou assim porque eles quiseram. Quem quiser reagir à prisão, morrerá”, afirmou o diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), responsável pela Região Metropolitana, delegado Nelson Guimarães.

Segundo a polícia, dentre os mortos, a maioria não tinha importância na hierarquia da facção, com exceção de Márcio José dos Santos, o Marcinho, traficante com atuação em Diadema, e Adriano Wilson da Silva, 25 anos, o Boy, especialista em roubo de carga que agia em São Bernardo e Santo André. Ambos eram pilotos (líderes) do PCC na região. (Colaborou Ângela Martins)

Como foi o caso

1 - Pelo menos 25 pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital) chegam em seis carros, às 5h30 ontem, nos arredores do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo, no bairro Cooperativa. Eles se distribuem na estrada Samuel Aizemberg. O objetivo é matar entre cinco e 15 agentes penitenciários que deixariam o turno de trabalho.

2- Setenta policiais civis de São Bernardo e Diadema já sabiam do ataque e monitoravam toda a ação. Às 7h, quando três agentes saíram do CDP em direção a um ponto de ônibus, a polícia recebeu a informação de que eles seriam mortos.

3 - Neste instante, segundo a polícia, é dada voz de prisão aos criminosos. Começa o tiroteio na estrada Samuel Aizemberg. No local, são assassinados 10 integrantes da quadrilha e presas quatro pessoas. Um policial leva um tiro sem gravidade, pois a bala foi amortecida pelo colete.

4 - Quatro membros do grupo tentam fugir e correm para uma passarela na altura do Km 21 da Imigrantes, no Jardim Inamar, em Diadema. Quando descem da passagem, segundo a polícia, há confronto numa praça. Três homens são mortos e um preso. Polícia apreende 14 armas. Cinco pessoas são detidas. Os veículos utilizados pelos criminosos ficam cheios de furos de balas.



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