As cidades do Grande ABC acordaram de ressaca ontem. Pela manhã, a chuva ajudou a esticar as horas de sono e poucos se aventuraram a sair de casa. Ruas vazias, quase nenhum carro nas principais avenidas da região e apenas algumas pessoas circulavam, a maioria trabalhadores que não tiveram o privilégio de folgar no primeiro dia do ano.

"Trabalhar neste dia é horrível porque não tem movimento nenhum na cidade. Como entrei às 6h, nem aproveitei muito a festa de Réveillon com a família", reclama o frentista Felipe Santos, 27 anos. Esta é a primeira vez que ele fica de plantão na data.

Ao contrário da enfermeira Aline Cristina Monteiro, 30, que há oito anos trabalha durante os feriados de Natal e Ano-Novo e está habituada. "Quando escolhemos essa profissão sabemos que temos de cumprir plantões nos feriados. A família não gosta muito, mas não tem jeito, trabalhar é preciso", afirma a profissional.

E há quem saia no lucro trabalhando no Ano-Novo. O feirante Luiz Marcelo Piffer, 43, consegue vender até 150% a mais de frutas durante as datas festivas "E dinheiro no bolso nunca é demais", garante.

Neste Ano-Novo, entretanto, a chuva atrapalhou um pouco e espantou a freguesia. Mesmo assim, a venda de uvas, ameixas e abacaxis foi satisfatória. "Há 15 anos que passo a noite de Réveillon montando a barraca da feira. Perco a festa, mas vale a pena", diz.

Para quem não trabalha, a cidade vazia fica mais tranquila, mas a espera nos pontos de ônibus demanda paciência extra. "Estou aqui há 15 minutos e não passou nenhum ônibus. Até pensei em pegar táxi, mas nem mesmo eles estão circulando", relata a funcionária pública Lurdes Barros, 53.