Política Titulo História da ditadura
Lula conheceu Suplicy em evento na Fundação Sto.André, diz professor

Sindicalista seria expulso de palestra do senador, que o ajudou permanecer

Júnior Carvalho
Especial para o Diário
02/06/2014 | 07:02
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Celso Luiz/DGABC


Ainda em meio às discussões em torno dos 50 anos da ditadura militar (1964 a 1985), a Fundação Santo André lançou na quinta-feira Comissão da Verdade do Grande ABC. O evento que deu início aos trabalhos das investigações também foi marcado pela mudança do nome do Centro Acadêmico da instituição para Alexandre Vannucchi Leme, estudante morto no período de repressão.

O professor Marcelo Buzetto, coordenador do grupo, conta que uma das histórias que deverão ser narradas na comissão é o primeiro encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e o hoje senador Eduardo Suplicy (PT). “Foi aqui na Fundação que eles teriam se conhecido, durante uma palestra sobre economia que o Suplicy veio ministrar. Como Lula não era aluno, teria sido expulso do encontro. Foi aí que Suplicy se incomodou e teria insistido para que o então sindicalista permanecesse no evento”, relatou.

Outro fato a ser abordado pela comissão universitária da verdade é a perseguição a uma aluna de Letras, que teria escrito uma redação, no auge do governo militar, criticando os problemas sociais no Brasil. “Ao invés de ela elogiar o sistema, como a maioria fazia, a estudante adotou discurso crítico nessa redação. Depois disso, a aluna foi levada a uma sala, na qual foi grosseiramente interrogada. Queriam saber se ela era ligada a algum grupo de oposição ao regime”, contou Buzetto.

Os trabalhos da comissão serão semelhantes aos dos grupos instaladas em todo o País. A diferença é que a intenção é investigar, por meio de depoimentos de ex-professores e ex-alunos, o que aconteceu dentro da universidade durante os anos de chumbo. Os resultados dos trabalhos também serão acolhidos pela Comissão Estadual da Verdade, da Assembleia Legislativa, que juntará os documentos à apuração do regime no Grande ABC – o deputado Adriano Diogo (PT), que preside o bloco em São Paulo, acompanhou a abertura do ato na Fundação.

“Já temos relatos de que havia perseguição aqui na Fundação, tanto a professores quanto a alunos”, explicou o professor. “Quando falamos da possibilidade dessa comissão, esses personagens começaram a nos procurar, a fim de contribuir com esses trabalhos”, completou.




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