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Joyce e Caymmi celebram o Rio
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
01/06/2006 | 08:07
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Mais um exemplo de trabalho em que medalhões da MPB se dedicam a cantar delícias e misérias do Rio de Janeiro, com direito a escala na "terra de todos os santos". Em Rio-Bahia (Biscoito Fino, R$ 31 em média), a cantora Joyce e o cantor e instrumentista Dori Caymmi se aproveitam da tradição para produzir a excelência musical. Ambos nasceram na capital fluminense e têm fortes relações com o estado nordestino, além do gosto pelas harmonias sofisticadas e por melodias que desafiam o senso comum.

Já na faixa-título, um samba cheio de bossa e suingue, em que se destaca o piano-jazz de Kenny Werner, eles brincam com as diferenças culturais entre cariocas. "Ele não sabe se fica/ Mas possa ser que não vá/ Se eu ofereço canjica/ Ele só quer mugunzá/ Vive plugado na rede/ Enquanto eu vou trabalhar".

Composição típica de Chico Buarque sobre o universo feminino, Fora de Hora é daqueles bolerões dor-de-cotovelo capazes de emocionar a mais fria das almas. Repleta de inversões de acordes, a envolvente Mercador de Siri remete aos cenários descritos nos romances de Jorge Amado e foi gravada em Brazilian Serenata, álbum semi-desconhecido lançado por Dori e produzido pelo magistral Quincy Jones, papa da soul music e do R&B norte-americano.

Balanço – O Rio de Janeiro glamuroso da década de 50 é relembrado em ...E Era Copacabana, parceria de Joyce com o bossanovista de primeira hora Carlos Lyra. Joãozinho Boa-Pinta, samba composto por Geraldo Jaques e Haroldo Barboso que fez sucesso na mesma época, esbanja balanço e malemolência.

"Não sei se ainda posso lhe chamar de meu amor/ Não sei se ainda existe aquela velha intimidade/ Talvez minha lembrança não lhe seja bem distinta/ Sou eu o Joãozinho Boa-Pinta/ Sei que você se lembra", diz um dos trechos da canção.

A "boa terra" é relembrada ainda em Saudade da Bahia, clássico de Dorival, pai de Dori, interpretado com o violão de Joyce e o acompanhamento elegante do piano de Werner. Outros destaques ficam por conta de Pra que Chorar, Demorô, Daqui e Rancho da Noite.




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