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Encontros e desencontros em 'Gabriela'
Por Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
18/06/2012 | 07:00
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No ano em que o escritor baiano Jorge Amado (1912-2001) completaria o centenário de nascimento, a Rede Globo exibe a sua segunda adaptação do consagrado romance "Gabriela, Cravo e Canela" (1958). Com direção geral de Mauro Mendonça Filho e direção de núcleo assinada por Roberto Talma, o folhetim de Walcyr Carrasco estreia hoje, às 22h15, após a novela "Avenida Brasil".

Nos episódios seguintes, "Gabriela" será exibida de terça a sexta-feira, a partir das 23h. "Não estou me baseando na primeira versão (protagonizada por Sônia Braga em 1975), mas no próprio livro. Espero que essa adaptação fique na memória do povo tal como a primeira, que marcou época (e foi reexibida na década de 1980)", afirma o autor. "Quero transmitir ao público fascínio tão grande quanto o que tenho pela obra de Jorge Amado", completa Walcyr, que leu a obra do escritor baiano aos 12 anos e manteve "Gabriela" na cabeça. 

Para fazer a novela de época, Walcyr tem alguns cuidados especiais como produzir cenário e figurino que sejam condizentes, além de trabalhar a linguagem da época, que não pode ser exatamente igual, mas deve ser atualizada para o melhor entendimento dos espectadores. "É preciso pensar como pensavam aquelas pessoas, movidas por sua época, para que não existam vilões. Jorge Amado não é preto e branco, mas fala de um povo mais conservador e de pessoas mais progressistas", afirma o autor.

Na trama, Gabriela (Juliana Paes) chega a Ilhéus dos anos 1920, no interior da Bahia, depois de atravessar o sertão nordestino, onde o que mais mata é a sede. Na cidade, a jovem sensual e ingênua conhece o "moço bonito" Nacib (Humberto Martins), dono do bar Vesúvio, por quem se percebe apaixonada. "A expectativa de vida melhor é encantadora em Gabriela. Essa aura positiva traz uma energia boa para a novela", afirma Juliana.

Com seus vestidos curtos e andar descalço, a jovem cozinheira é cobiçada pelos coronéis. Sem saber o que fazer com o amor que sente por Bié, como a chama carinhosamente, Nacib decide se casar com a amada para fazer dela uma mulher respeitada na sociedade ilheense. Mas Gabriela é a liberdade em pessoa. Vive alheia aos costumes do período, no qual mulheres boas eram moças de famílias que tinham o destino traçado pelos pais. Os dois personagens, então, viverão encontros e desencontros.

Há longos anos, os coronéis, sobretudo Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), têm grande influência no cotidiano da população a ponto de ninguém dar um passo sem a aprovação deles. Os coronéis constroem algumas praças e estradas, mas nada de porto ou ferrovia. Esse cenário mudará com a chegada de Mundinho Falcão (Mateus Solano), que mostrará a necessidade de progresso para cidade. 


QUEM É QUEM

CORONEL RAMIRO BASTOS (Antonio Fagundes)
Dono de arrobas e arrobas de cacau, o fazendeiro é o intendente de Ilhéus e a maior força política da região na época do desbravamento - quando as terras ainda eram conquistadas a tiros. Mais conhecido como Ramiro Bastos, o jardineiro, o líder conservador tem o seu poder ameaçado no momento em que Mundinho Falcão chega à cidade com novas ideias - ligadas ao progresso daquele lugar.

MUNDINHO FALCÃO (Mateus Solano)
Jovem descendente de família política em São Paulo, o empreendedor milionário chega a Ilhéus com intenção malquista pelos coronéis: o progresso, que pode ser alcançado por meio da construção de um porto. Além do desejo de criar o seu próprio projeto de vida como exportador de cacau, ele quer esquecer um antigo amor e acaba se apaixonando justamente por Jerusa (Luiza Valdetaro), a bela neta de Ramiro Bastos. 

NACIB SAAD (Humberto Martins)
Proprietário do bar Vesúvio, ele é o conhecido "boa praça", amigo de todos os coronéis e do jovem Mundinho Falcão. Frequentador do cabaré Bataclan, ele tem chamego com Zarolha (Leona Cavalli), uma sergipana fogosa. Contrata Gabriela como cozinheira de seu estabelecimento e logo se apaixona por ela. Casa-se com a jovem, que não consegue se adaptar à vida de mulher casada.

MARIA MACHADÃO (Ivete Sangalo)
Dona do Bataclan, o cabaré mais agitado da cidade, é amiga de todos os coronéis e "mãe" de todas as mulheres-damas, como são chamadas as trabalhadoras do local. Ela pode ser exageradamente doce e maternal, mas também sabe ser autoritária e até cruel. Estabelece com as garotas relação de amizade e exploração. Todas devem lhe entregar metade do que recebem de cada cliente no ato.




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