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Prefeitos farão campanha pelo ‘sim’ no referendo
Por Teresa Pimenta
Do Diário do Grande ABC
15/08/2005 | 07:10
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A dois meses da realização do referendo que vai decidir se a população quer ou não a proibição da venda de armas no país, quatro prefeitos da região já têm opinião formada e estão do lado do "sim".

João Avamileno (Santo André), William Dib (São Bernardo) e José de Filippi (Diadema) prometem sair às ruas para defender o fim do comércio de armas de fogo e munição. José Auricchio (São Caetano) também vai votar pela proibição, mas não pretende participar da campanha.

Dois estão indecisos. Diniz Lopes (Mauá), no entanto, tem um discurso muito parecido com o dos partidários do "não". Clóvis Volpi (Ribeirão Pires) é outro que ainda quer estudar o assunto. Pode pesar na decisão de Volpi o fato de a fábrica da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) estar instalada em seu município. Adler Kiko Teixeira (Rio Grande da Serra) preferiu não declarar o voto "para não influenciar o eleitorado".

Os prefeitos que vão votar "sim" devem ter ouvido a voz das ruas. Pesquisa Brasmarket/Diário feita em julho na região registrou 81,6% dos eleitores a favor do desarmamento. Não existem estatísticas sobre mortes por armas de fogo na região, no entanto, a maioria dos homicídios é cometida com este tipo de arma.

Homicídios – Segundo balanço da Secretaria Estadual de Segurança Pública referente ao primeiro semestre deste ano, os homicídios estão em queda na região. Mas os índices ainda são altos.

Em números absolutos, São Bernardo lidera o ranking, com 83 assassinatos de janeiro a junho. Em seguida, vêm Santo André e Diadema, com 50 cada; Mauá, com 43; Rio Grande da Serra, com sete; e São Caetano e Ribeirão Pires, com quatro cada.

No total, foram 241 mortes, contra 312 em igual período de 2004, redução de 22,75%. Diadema, que já foi uma das cidades mais violentas do país, vem reduzindo os índices de morte por conta de ações como a Lei Seca – fechamento de bares durante a noite.

Desarmamento – Para o prefeito William Dib, é uma obrigação participar da campanha. "Enquanto homem público não posso ficar omisso numa situação como essa, em que o posicionamento do formador de opinião pode ser decisivo", declara. Ele pretende trabalhar para divulgar a importância do referendo e do desarmamento.

João Avamileno acredita que o fim da venda de armas de fogo vai proteger inocentes. "A pessoa que está armada fica com mais coragem para reagir a um assalto e vai medir forças com um criminoso que está mais preparado que ele para manusear armamento", afirma. "Com certeza, vou participar da campanha aqui na minha cidade, percorrendo os bairros para defender o voto pelo fim da comercialização de armas de fogo."

A posição mais polêmica é de Diniz Lopes. Ele afirma que ainda não se decidiu, mas a alegação de que "os cidadãos de bem já estão desarmados e é preciso combater o poder de fogo dos criminosos, valorizando as polícias" é muito parecida com o discurso dos que são a favor da continuidade da venda de armas.

"Essa campanha que paga até R$ 300 para as pessoas que entregam suas armas poderia valer também para os policiais que apreendessem armas durante o trabalho. Eles teriam um incentivo para compensar os baixos salários", explica.

Já José de Fillipi, de Diadema, e José Auricchio, de São Caetano, podem até participar da campanha, mas afirmaram que ainda não foram convidados.

Clóvis Volpi vive um dilema. A fábrica de munição CBC é a maior empregadora e maior fonte de impostos de Ribeirão Pires. Com a proibição, a empresa deve registrar queda de 20% no faturamento, pois só poderá vender para as polícias e as Forças Armadas. Talvez por isso Volpi seja um dos indecisos.

Campanhas – As campanhas de entrega voluntária arrecadaram cerca de 3,5 mil armas no Grande ABC. Cidades como Diadema e São Caetano mantêm postos permanentes de recolhimento. Já Santo André fez duas etapas da campanha e deve realizar mais uma antes do referendo.

Também em Santo André foi formado um comitê municipal de apoio ao desarmamento. Criado por iniciativa da Prefeitura, teve de ser reestruturado por causa das regras baixadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para o referendo. A administração municipal teve de sair do grupo, do qual fazem parte agora apenas representantes da sociedade civil.

Como nas eleições para cargos executivos e legislativos, é proibido o uso da máquina administrativa, ou seja, instalações, máquinas, equipamentos, dinheiro e funcionários públicos não podem ser utilizados na campanha. N

Veja as opiniões dos prefeitos

Contra a venda de armas


William Dib (São Bernardo)


"Meu voto será pela proibição da venda de armas de fogo. Não que isso seja a solução definitiva para a criminalidade, até porque muitas das armas que hoje se encontram nas mãos de criminosos chegaram até eles de forma ilícita, mas a restrição irá reprimir aquilo que chamamos de crimes enventuais."

João Avamileno (Santo André)

"Como prefeito e como cidadão sou contra a venda de armas e vou votar pelo "sim". Acredito que o desarmamento vai contribuir para a queda nos índices de violência e, principalmente, na morte de cidadãos inocentes."

José de Filippi (Diadema)

"Sou a favor do fim da venda de armas para a população. No meu entender, apenas policiais e pessoas devidamente treinadas e capacitadas para lidar com uma arma de fogo. O cidadão comum não deve andar armado pelas ruas"

José Auricchio (São Ceatano)

"Vou votar pela proibição da venda de armas. Acredito que uma pessoa que possui uma arma acaba contribuindo de alguma forma para a violência, que pode se voltar contra ela mesma."

Indecisos

Diniz Lopes (Mauá)

"Ainda não tenho opinião fechada sobre o assunto. Pretendo esperar as campanhas para aí decidir meu voto. A princípio, sou favorável ao desarmamento, mas tem de ser dos dois lados — dos cidadãos de bem

e dos criminosos."

Clóvis Volpi (Ribeirão Pires)

"O assunto é delicado, várias questões têm de ser analisadas. Não tenho opinião formada ainda. Prefiro esperar para ter mais informações e

depois me decidir."

Adler Kiko Teixeira (Rio Grande da Serra)

Não quis declarar o voto nem comentar o assunto para não influenciar o eleitorado.




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