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Mais do gênio Asimov no cinema
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
05/08/2004 | 01:44
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Isaac Asimov (1920-1992) é um dos mais respeitados autores de ficção científica da história da literatura. Recebeu da Associação Americana de Escritores de Ficção Científica o título de Grande Mestre, escreveu quase 500 livros e teve um asteróide batizado com seu nome. Na sétima arte, é lembrado pela adaptação do cineasta Chris Columbus para um de seus livros, Homem Bicentenário. Assim como no filme protagonizado por Robin Williams, que vive um robô doméstico, as histórias de Asimov são todas centradas nas Três Leis da Robótica (veja quadro nesta página), e as engenhosas tramas construídas a partir do não cumprimento de uma delas.

O livro Eu, Robô (Ediouro, 320 páginas, R$ 35, em média) é parte da primeira das três grandes séries de Asimov – Robôs, Fundação e Império. Retoma uma das personagens principais, a grande especialista em robótica Susan Calvin, e a faz contar, em retrospecto, histórias que resumem a evolução dessas máquinas. A narrativa conduz o leitor com um didatismo disfarçado, graças à imaginação e ao humor de Asimov. E é essa fidelidade ao texto que faz fluir a adaptação da obra para o cinema pelo diretor Alex Proyas. O filme tem pré-estréias abertas ao público nesta quinta em salas da região (ABC Plaza 3 e Shopping ABC 4, em Santo André; e Extra Anchieta 2 e Metrópole 2, em São Bernardo), com estréia nacional nesta sexta também no circuito do Grande ABC.

Em Eu, Robô, o australiano Proyas (O Corvo, 1994) usa e abusa dos efeitos especiais. São cerca de mil tomadas que se utilizam do recurso, finalizadas em oito meses de pós-produção. A tarefa mais difícil desta equipe de centenas de pessoas supervisionadas pelo vencedor do Oscar John Nelson (Gladiador), no entanto, foi dar uma aparência humana a Sonny (Alan Tudyk), um robô único, que pode sentir, improvisar e fazer piadas. Sonny está para Eu, Robô como Gollum para O Senhor dos Anéis.

O robô consegue criar empatia com o público, o que também acontece com o detetive Spooner, vivido por Will Smith. O ator e rapper ganha o espectador com casacão de couro, tênis All Star e algumas boas sacadas, como quando espirra e diz: “Desculpa, sou alérgico a besteiras”. É mais pelo estilo cool do que pela interpretação, mas e daí? Eu, Robô é um filme de entretenimento. Bem filmado, aliás, com ótimos efeitos, baseado em um texto incrível. E como todo entretenimento, tem bobagens, cenas apelativas e buracos no roteiro.

Eu, Robô se passa em 2035, em Chicago. Spooner é um policial intrigado com robôs, o que significa que no meio do filme virá uma explicação piegas para isso. Recém-separado, ele visita regularmente a avó, uma senhora que lembra o Oráculo de Matrix: sempre enfiada na cozinha e dizendo frases de duplo sentido. É mais uma manhã de trabalho para Spooner, e ele segue para resolver o assassinato de um cientista com quem tem uma ligação obscura, o doutor Alfred Lannig (James Cromwell).

Juntando pistas, Sponner desconfia que um robô da linhagem NS-5 tenha cometido o crime, embora todos tentem o convencer do contrário. Como o chefe de seu departamento e a jovem doutora Susan Calvin (Bridget Moynahan), além do dono da corporação que produz as máquinas, Lawrence Robertson (Bruce Greenwood). Os seres humanos não acreditam que os robôs possam lhes fazer mal. E isso tudo acontece às vésperas de uma verdadeira revolução tecnológica, na qual milhões de robôs domésticos estão prestes a ser colocados no mercado.

É quando Susan e Spooner descobrem que Lanning, antes de morrer, fez um robô especial, Sonny, provido de sentimentos humanos e com recursos para quebrar as Três Leis. Sonny foi construído para um propósito que, imagina-se, seja matar seu criador, porque o Lanning parecia querer se livrar do controle a que vinha sendo submetido. Enquanto isso, Spooner sofre ataques constantes de NS-5. Há algo acontecendo com essa nova geração de robôs, eles estão prestes a dominar o mundo, mas ninguém sabe quem os comanda, e essa é a missão de Spooner, Susan e Sonny. A revolução das máquinas é um déjà vu de Matrix, claro, mas lembre-se que foram os irmãos Wachowski que se inspiraram em Asimov. Proyas, em Eu, Robô, só fez adaptá-lo.




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