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Aids continua destruindo sociedade e economia de Zimbábue
Por Do Diário do Grande ABC
21/08/2000 | 11:04
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A Aids, um dos principais temas da conferência que reunirá a partir de domingo em Maputo os dirigentes da Africa austral, continua dizimando a sociedade e a economia do Zimbábue, em particular devido à resistência cultural a qualquer mudança nas práticas sexuais.

Zimbábue tem uma das taxas de infecçao mais altas do mundo. Um em cada quatro zimbabuanos é soropositivo e o país conta com um milhao de menores órfaos, cujos pais morreram de Aids, para uma populaçao total de 12,5 milhoes de habitantes.

Segundo a Unicef, a prioridade deve ser a luta contra a transmissao de mae a filho. ``No Zimbábue, a taxa de infecçao das mulheres grávidas é de 33%', assinala Justin Maeda, representante da organizaçao em Harare.

O Ministério zimbabuano da Saúde e da Infância lançou uma campanha de prevençao destinada às mulheres grávidas e afirma que já houve resultados, considerando que se registrou um aumento das mulheres grávidas submetidas a exames de diagnóstico precoce nas zonas urbanas.

``Mas ainda temos problemas para conseguir resultados nas zonas rurais', reconheceu Iman Chitsike, funcionária do Ministério.

Chitsike ressaltou os obstáculos para uma prevençao eficaz ``pelo status inferior das mulheres na sociedade e, consequentemente, sua pouca influência nas decisoes relacionadas com a sexualidade. ``A luta contra a Aids só será eficaz se os homens participarem dela', acrescentou.

Por sua parte, o dr. Solomon Mutetwa, professor de microbiologia da Universidade de Harare, disse que, na sociedade tradicional zimbabuana, ``os homens ainda nao entenderam que, na era da Aids, nao podem continuar gozando de uma grande liberdade sexual, sem utilizar preservativos.'

Segundo a irma Margaret, enfermeira em Mashambanzou, um dispensário especializado no atendimento de pessoas afetadas pela Aids, a crise econômica que o país atravessa favorece ainda mais a propagaçao da enfermidade. ``A pobreza e a falta de medicamentos sao os dois principais fatores da extensao da Aids', afirmou.

Num país em que metade da populaçao está desempregada e mais de um quarto vivem na miséria, a prostituiçao se prolifera, os enfermos mais pobres nao somente nao têm acesso ao atendimento médico mais elementar, mas também nao têm uma alimentaçao correta.

Finalmente, a Aids continua sendo um tabu no país e as dificuldades de evocá-la tornam ainda mais difícil a aplicaçao eficaz das políticas de prevençao.

``O medo e o silêncio ampliam os efeitos devastadores do vírus', assinala Graham Hill, vice-reitor da Universidade do Zimbábue, indicando que sao exceçao os soropositivos que se atrevem a falar de seu estado.




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