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Busca por armas dispara após decreto de Bolsonaro

Loja localizada em São Caetano triplicou ontem vendas de armamento e cursos de tiro

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
17/01/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Um dia após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinar decreto que flexibiliza o porte de armas em todo o País, o número de interessados em cursos de tiro e compra de armamento disparou na região. A procura pelos serviços, que em alguns estabelecimentos triplicou, fez com que filas de espera se formassem em locais especializados.

Ontem, o Diário esteve em dois pontos de venda do Grande ABC – Armamec, em Santo André, e Isa, em São Caetano – e verificou de perto o crescimento de interessados na aquisição dos produtos e serviços após o governo federal ampliar as possibilidades de o cidadão obter licença para manter até quatro armas em sua residência ou local de trabalho. Segundo estatísticas do Google, termos como “compra de armas de fogo” e “glock g25” (um modelo de revólver) tiveram aumento de até 650% no índice de busca nesta semana.

Há 28 anos no mercado, a loja Isa, que, em média, recebe 100 clientes por dia, teve ontem um ‘boom’ de interessados e atingiu, até o fim da tarde, mais de 300 atendimentos. A procura era tão intensa que o número de vendas de armas foi três vezes maior do que o melhor dia do mês passado.

O curso de tiro oferecido no local só tem vaga para a segunda quinzena de março. “Tivemos que remanejar quatro funcionários do administrativo para dar conta da demanda e estender o horário de fechamento das 18h30 para 21h”, disse Charles Henry Blagitz, gestor de PCE (Produtos Controlados pelo Exército) do estabelecimento.

Em Santo André também foi observado maior movimento na loja Armamec, situada no Centro da cidade, em relação ao início da semana, quando a equipe de reportagem esteve no local. Funcionários, no entanto, não quiseram conceder entrevista.

Nem mesmo o prazo de três a quatro meses para retirada de armas, para aqueles que ainda dependem da autorização da Polícia Federal para posse do equipamento, foi impeditivo para que moradores da região fizessem ontem suas compras. “Eu mesmo vim de curioso na loja e acabei comprando um revólver 38 e dando entrada no meu curso de tiro. Farei todas as etapas e só quando concluir isso terei o armamento na mão”, relata o porteiro Antônio Martins, 44 anos. O jovem autônomo Luiz Carlos, 23, que sequer tem idade para ter uma arma, também aproveitou a oportunidade para fazer a compra do curso de tiro. “Já quero iniciar o processo.”

Na avaliação de muitos, a medida tomada pelo governo Bolsonaro tende a ser a primeira de muitas que devem mudar as regras para uso de armas no País. “Eu mesmo estou na expectativa para a flexibilização do porte. Isso nos ajudará muito, cidadãos de bem, que só queremos proteger nossas famílias”, relata o comerciante Edmilson Pacheco da Silva, 45.

Ontem, Bolsonaro prometeu discutir a possibilidade de flexibilizar o porte e reduzir a idade mínima, que hoje é de 25 anos, para que um cidadão possa comprar uma arma.

Na tentativa de atrair clientes, lojas têm feito até promoções neste período pós-decreto. Na Isa, em São Caetano, o pacote que engloba o curso para aprender a atirar, avaliação psicológica, prova de tiro e aquisição do certificado de registro – instrumento que possibilita a aquisição legal de armas de fogo para as atividades de tiro – pode ser feito por R$ 1.500, parcelados em dez vezes.




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