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Cidades são engolidas por poluição visual
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
09/03/2009 | 07:00
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A poluição visual não tem muita cerimônia. De mansinho, começou a se instalar nas cidades e a se aconchegar nos lugares chamativos. Assim conseguiu o que queria. Tomou desde o topo do prédio mais alto até a fachada das favelas; foi para as traseiras dos ônibus e a frente de pequenas lojas. Como anfitriões da baderna visual, leis permissivas e fiscalização branda demais.

Sem políticas eficazes, a confusão visual tem vitimado a identidade das cidades. Urbanistas passaram a dizer que hoje estar em qualquer lugar é o mesmo que estar em lugar nenhum.

Faça o teste: caminhe pela Avenida Barão de Mauá, em Mauá, pela Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, ou pela Avenida Industrial, em Santo André. Espaços genéricos por conta do emaranhado de faixas, outdoors, lambe-lambes, cartazes, luminosos, fios de eletricidade e bancas de jornais no meio das calçadas.

Todo mundo passou a se sentir dono do espaço público para agradecer ao santo pela graça alcançada, para trazer de volta o cachorro perdido, para nos mandar comprar, fazer, beber ou comer.

A fim de desmembrar a poluição visual na região, o Diário convidou um urbanista para percorrer ruas das sete cidades e avaliá-las. Issao Minami, mestre urbanista da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), andou com a reportagem por alguns dos principais endereços da região e considerou que todos os locais estão igualmente abarrotados desse tipo de poluição.

"As cidades se tornaram um depositário de interesses pessoais", aponta Minami, que é um dos mentores da Lei Cidade Limpa, em vigor há dois anos na Capital e que promoveu faxina visual em São Paulo.

Para Minami, São Caetano tem o mérito de ter adotado piso entremeado em suas calçadas, material de fácil recomposição e que ameniza o problema dos buracos que tanto afetam a paisagem urbana.

Contudo, veio da cidade o exemplo de que excesso de mídia externa pode significar anti-informação e atrapalhar.

O carro da reportagem deixou de estacionar em local permitido por entender que estava parando em um ponto de táxi, mas, na verdade, o cavalete na calçada indicava que os taxistas ficavam a poucos metros dali. Muita informação para os poucos segundos de leitura permitidos pela velocidade com que o carro passou.




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