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Paranapiacaba espera verba de US$ 50 mil há 1 ano
José Carlos Pegorim
Do Diário do Grande ABC
17/03/2001 | 16:17
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O centro de documentação de Paranapiacaba, que tem recursos assegurados pela organização norte-americana WMF (World Monuments Fund) – US$ 50 mil, cerca de R$ 105 mil –, não saiu ainda do papel passados dez meses do anúncio da doação do dinheiro. Vai sair, garante a Prefeitura de Santo André, beneficiária dos recursos. Mas será menor e, por enquanto, não tem ainda uma data de início de construção e um plano de uso definidos.

O centro, formalmente chamado de Centro de Documentação e Pesquisa – Casa da Memória, será implementado numa casa de alvenaria pertencente à Prefeitura na rua Rodrigues Quaresma, na parte alta da Vila, que precisa ser restaurada. A casa tem apenas 42 m², mas, nos fundos, sem poder ser visto da rua, seria construído um anexo de dois andares de linhas arrojadas, em metal e vidro, para abrigar os equipamentos do centro, servindo a casa como um ponto de recepção de turistas, pesquisadores em visita à cidade e local de exposições.

O projeto, desenvolvido na Prefeitura, foi aprovado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), mas, segundo a diretora de Paranapiacaba da subprefeitura responsável pela Vila e pelo Parque Andreense (a área do Corredor Polonês), Cristina de Marco Santiago, não agradou aos financiadores, mais acostumados à idéia de restauro. “O anexo como foi concebido está totalmente descartado.”

A WMF recebeu o conjunto de propostas detalhadas pela Prefeitura em setembro, e no mesmo mês devolveu-o com suas ressalvas, solicitando mudanças na concepção do anexo – apesar da aprovação do Condephaat – e a inclusão de um técnico em restauro de madeira no orçamento do centro. Em novembro, há quatro meses, portanto, a Prefeitura começou a refazer tudo, dando início à reformulação completa do projeto, agora com o especialista em restauro de madeira – um tipo de profissional que, com as características exigidas pela organização norte-americana, é bastante difícil de ser encontrado no país, segundo Cristina.

Uma mudança para uma casa maior na parte baixa da Vila está descartada: “Não foi apenas a idéia do centro que foi aprovada, foi também o imóvel”, afirmou Cristina. Descartados o anexo e a mudança, restam os 42 m². “Nossa concepção de uso tinha o dobro do espaço.”

A idéia inicial do centro previa que ele recebesse e guardasse documentos originais da ferrovia, fotografias e depoimentos gravados de moradores, o que, segundo a presidente da SPR-Paranap (Sociedade de Preservação e Restauro de Paranapiacaba), Zélia Paralego, exigiria a contratação de pelo menos um técnico para cuidar dos materiais. Para Zélia, a casa não tem espaço e nem ventilação adequada para receber o centro. Ela defendeu – sem sucesso – a transferência do projeto para a antiga igreja presbiteriana, localizada na parte baixa de Paranapiacaba. “Poderíamos levantar a própria história da igreja.”

Esse modelo de uso do centro está sendo rediscutido pela Prefeitura e ajustado aos metros quadrados disponíveis. Em um mês, as “arestas” de projeto e de concepção deverão estar aparadas, garante Cristina. Ainda há tempo, se tudo correr bem, de a Prefeitura receber a aprovação do financiador quando o projeto completar, ou estiver prestes a completar, um ano. Mas não houve demora, afirma Cristina: “Em nenhum momento paramos o trâmite desse trabalho. Antes, não seria um prazo de fato”.




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