Economia Titulo Crise
Faturamento do comércio varejista cai 4,4% em abril

Desempenho na região foi puxado pela queda
nas vendas de veículos e de itens eletrônicos

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
05/08/2015 | 07:00
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Ari Paleta/DGABC


O comércio varejista do Grande ABC registrou queda de 4,4% no faturamento em abril na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) feito com base em dados da secretaria estadual da Fazenda. O recorte regional foi divulgado ontem. Em março, o desempenho foi 0,2% superior ao do terceiro mês de 2014.

No acumulado do ano, as perdas já somam 5,2%. Os resultados apresentados na pesquisa demonstram a variação real, ou seja, já considerando a inflação. No período de 12 meses até abril, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulava 8,17%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As vendas do comércio em abril na região chegaram a quase R$ 2,4 bilhões. O segmento de concessionárias de veículos puxou a queda, tendo o faturamento reduzido em 15,4%. Já o setor de eletrodomésticos, itens eletrônicos e lojas de departamento apresentou retração de 14% nos ganhos. Somente três das nove atividades pesquisadas tiveram elevação na receita: tecidos e calçados (5,4%); autopeças e acessórios (14,5%); e materiais de construção (1,1%). Entretanto, essas áreas têm pouco peso no total arrecadado, o equivalente a apenas 0,8 ponto percentual no resultado geral.

Na avaliação de Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP, a redução acentuada das concessionárias e das lojas de eletrônicos é provocada por dois fatores: a restrição ao crédito por parte de instituições financeiras e a insegurança diante do cenário econômico do País. Juntos, os dois setores impactaram em 3,4 pontos percentuais no desempenho do varejo. “Por comercializarem produtos com preço mais elevado, os estabelecimentos dessas áreas são mais afetados com a queda na massa salarial da população, especialmente no Grande ABC, cuja economia é fortemente ligada à indústria automotiva, que vem registrando queda na produção.”

O economista salienta que, mesmo aqueles que ainda não perderam o emprego, também têm medo de entrar em dívidas. “Os clientes ficam receosos de serem atingidos pelo desemprego, então, reduzem os gastos”, comenta.

Fator preocupante, segundo Dietze, é a retração nos segmentos de supermercados (1% em abril) e farmácias (7,5%). Isso porque esses setores, geralmente, demoram mais para serem atingidos pela crise, já que os consumidores iniciam os cortes orçamentários por áreas consideradas supérfluas, mantendo o perfil de compra no que se refere a alimentos e medicamentos.

O analista da FecomercioSP avalia que os próximos meses devem registrar perdas ainda mais acentuadas para o varejo. “O desemprego ainda está na trajetória ascendente. Além disso, os problemas políticos do País agravam o cenário econômico. Enquanto isso não for solucionado, não deve haver mudança significativa.”

ESTADO

Na média das 16 regiões pesquisadas, as vendas do comércio varejista caíram 2,8% em abril ante o mesmo período de 2014. Apenas quatro locais registraram alta: Sorocaba (2,3%), Capital e Marília (ambos com 1,1%) e Osasco (0,1%). As maiores quedas ocorreram em Presidente Prudente (-8,6%), Araçatuba (-9,2%) e Campinas (-15,5%). O faturamento do setor em todo o Estado foi de R$ 42,3 bilhões. No acumulado do ano, as perdas são de 3,1%.




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