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Anônimos S/A: ajuda aos compulsivos
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
29/06/2002 | 16:14
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Pelo menos 35 grupos de pessoas se reúnem na região por duas horas em pequenas salas, uma vez por semana, para discutir problemas em comum, trocar experiências do dia-a-dia e se ajudar mutuamente, na tentativa de suplantar vícios, como drogas, álcool, comida e até mesmo jogo. São as irmandades de ajuda mútua: alcoólicos, narcóticos, neuróticos, comedores e jogadores compulsivos anônimos. Com 15 pessoas em média em cada grupo, esse contingente soma-se à atuação dos três postos do CVV (Centro de Valorização à Vida) do Grande ABC, auxiliando pessoas com problemas que, em tratamento médico ou não, usam essas entidades como apoio.

A mais antiga das associações, os AA (Alcoólicos Anônimos), fundada em 1935, nos Estados Unidos, presente no Brasil desde 1947, possui 16 grupos na região.

O AA baseia-se em 12 passos de recuperação e em 12 “tradições”, que orientam o participante a não comprometer o anonimato e a não desvirtuar os princípios da entidade, como, por exemplo, vinculá-la a organizações políticas ou religiosas. Preceitos que também são seguidos pelas demais entidades.

Os narcóticos anônimos, com dez grupos na região, são uma dissidência do AA, existente no Brasil desde 1985. “Eram pessoas que freqüentavam o AA nos Estados Unidos há 50 anos, e decidiram então criar a nova irmandade”, afirma o coordenador de um dos grupos.

Coordenadores das reuniões ouvidos pelo Diário orientam quem tiver alguma dúvida sobre a participação nesses grupos a entrar em contato com as irmandades, em busca de informações. Por meio desses telefones, também é possível saber onde se reúnem os grupos e em quais dias da semana.

Todas têm literatura que ajuda o eventual “anônimo” a identificar com clareza seu vício. No caso dos comedores compulsivos, por exemplo, um questionário com 15 tópicos, no qual três respostas positivas identificam o vício. “Você planeja com antecedência comilanças secretas?”, é o item de número oito. A irmandade possui um grupo na região.

“Antes eu pensava em comida 24 horas por dia. Isso mudou. Já perdi 12 quilos”, disse a comerciante E.N.O., 34 anos, que freqüenta o grupo há três anos. A perda de peso é o objetivo, mas acompanhada de uma estabilização emocional, como afirma a auxiliar administrativa M.C., 22. A esmagadora maioria do grupo são mulheres.

“Meu marido tinha três lojas. Perdeu as três, além da casa e do carro”, disse a mulher de um ex-jogador compulsivo, que freqüenta reuniões do único grupo desse tipo na região, em São Caetano, há dois anos. O ex-viciado em pôquer, bingo, corridas de cavalos e até cassinos se recuperou financeiramente – com o apoio de atendimento psiquiátrico no Hospital das Clínicas, na capital.

CVV – O CVV, por outro lado, baseia-se em outro princípio – atenção exclusiva a quem está com problema. “Atendemos a pessoas que têm diversos problemas, como solidão, desemprego, o fim de um relacionamento ou mesmo quem precisa apenas desabafar”, disse o técnico em mecânica Daniel Hernandez Roma, 40 anos, coordenador do CVV de Santo André. Com 2,6 mil ligações mensais, precisa de novos voluntários, mesmo caso de São Bernardo (1,7 mil ligações mensais) e São Caetano (2,2 mil ligações).

Interessados em dar plantão nos postos do CVV por 4,5 horas semanais devem ligar para entidade – cursos preparatórios são ministrados pelos postos.




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