Pela segunda vez na semana, uma área comercial de Bagdá foi atingida por bombardeios. Nesta sexta-feira, um mercado localizado no bairro residencial de Shula foi destruído. Pelo menos 52 pessoas morreram e 50 ficaram feridas – algumas agências de notícias falam em 55 mortes. Fontes iraquianas afirmam que não havia qualquer alvo militar no local, mas apenas "civis comprando coisas".

O Comando Central dos EUA no Qatar afirmou que não pode confirmar as informações referentes ao bombardeio. Mas a rede de TV CNN disse que o Pentágono admitiu que estava agendado para esta sexta-feira um ataque a um suposto depósito de mísseis na região atingida.

O ataque ocorreu por volta das 18h locais (12h em Brasília), num horário de grande movimento. O mercado al-Nasser fica a cerca de 200 metros do hospital Al Nur, que recebeu as vítimas do bombardeio. O diretor do local, doutor Hakki Ismail Marzooki, descreveu o bombardeio como "um massacre feio que resultou num largo número de inocentes mortos e feridos". Ele disse ainda que "as vítimas são mulheres, crianças e velhos".

O ministro da Informação do Iraque, Mohamed Saeed al-Sahaf, disse que o ataque foi um "crime covarde" da coalizão anglo-americana. Ele avaliou que as crescentes mortes de civis estão ocorrendo por causa das "derrotas que nós estamos impondo a eles (aliados) nas periferias das cidades e no deserto".

Emissoras árabes de TV mostraram imagens de caixões rústicos sendo tirados da área do bombardeio. No hospital, as cenas exibidas eram de feridos deitados em macas e pessoas desesperadas pela perda de parentes. Correspondentes de agências internacionais confirmam ter visto cadáveres de crianças e mulheres.

A alguns metros do mercado, cadáveres dos "mártires" eram lavados na mesquita xiíta Moussa Al-Kazem para o enterro. Dezenas de caixões foram alinhados no chão.

Outro mercado de Bagdá já foi destruído em bombardeios na última quarta-feira, deixando 15 vítimas. Autoridades militares americanas admitiram que aquele alvo civil pode ter sido atingido por mísseis norte-americanos, mas não descartaram a hipótese de que o ataque tenha sido promovido pelo próprio Exército iraquiano.

Mais bombas - Durante a madrugada desta sexta, um violento ataque aliado contra Bagdá matou sete iraquianos e feriu 92. Prédios do governo iraquiano e centrais telefônicas da capital foram atingidos no bombardeio, que foi um dos mais violentos desde o início da guerra. O comando americano confirmou que duas bombas de mais de duas toneladas, com capacidade de penetrar em camadas de concreto, foram usadas no ataque.

A periferia de Bagdá voltou a ser sacudida por explosões no começo da madrugada deste sábado, por volta das 0h40 (18h40 de sexta-feira em Brasília). Agências internacionais de notícias afirmaram que as explosões, muito intensas, ocorreram nas imediações do Ministério da Informação do Iraque. Um prédio do principal complexo presidencial localizado no centro de Bagdá também teria sido atingido. Mais explosões foram registradas em Bagdá pouco depois das 7h (1h em Brasília).

A cidade de Mosul, no norte do Iraque, foi alvo de uma nova onda de bombardeios no final da noite desta sexta-feira, por volta das 23h40 (17h40 em Brasília). Segundo o correspondente da rede de TV árabe Al Jazeera, o centro da cidade foi atingido por mísseis pela primeira vez. Os ataques americanos no norte se intensificaram desde quarta-feira, quando cerca de mil pára-quedistas desceram em um campo de pouso localizado numa área de domínio curdo. Mais tropas, materiais bélicos e soldados foram deslocados para o novo 'front norte'.

Com agências