Economia Titulo Seu negócio
Pequenas empresas querem cortar custos

Além disso, gestores veem mercado externo
como oportunidade, aponta pesquisa da Zurich

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/01/2016 | 07:18
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Marcos Santos/USP Imagens


No cenário atual de crise econômica, com a demanda retraída, os juros em alta (Selic em 14,25% ao ano) e a inflação na casa dos dois dígitos (IPCA acumulado nos 12 meses até novembro em 10,48%), as pequenas e médias empresas brasileiras ampliaram a atenção com a redução de custos, e estão voltando a considerar a exportação como oportunidade de negócios, devido ao dólar valorizado, na casa dos R$ 4. Isso é o que aponta pesquisa realizada pela seguradora Zurich com 200 altos executivos de companhias brasileiras de diferentes setores em 2015.

O levantamento, realizado simultaneamente em 15 países, mostra que 46% dos gestores brasileiros dessas firmas têm a redução de custos como prioridade – o montante supera em 16 pontos percentuais a média mundial (que está em 30,6%), das 3.000 companhias participantes do estudo global. Em 2014, a pesquisa apontava que 29% do empresariado nacional priorizava essa questão.

Diretor de linhas comerciais da Zurich Brasil, Paulo Alves destaca que o levantamento, realizado pelo terceiro ano seguido, busca identificar os riscos dos negócios para ajudar os clientes a se precaver e manter suas empresas. Ele cita três aspectos das atividades empresariais que são fatores de risco: o produto em si, a embalagem e a logística de entrega da mercadoria. Alves assinala que algumas coisas podem ser feitas para minimizar riscos e controlar melhor os custos, entre elas, procurar não depender de um único fornecedor e cumprir prazos. “Não entregar a mercadoria pode gerar quebra de contrato, e multas não são cobertas pelo seguro”, observa.

Ele cita que podem ser testadas embalagens alternativas que mantenham a robustez, mas possibilitem mais economia. No entanto, Alves alerta que esse também é fator de risco, já que, se o produto for danificado durante o processo de envio aos clientes, isso pode significar prejuízo.

O executivo diz ainda que é fundamental não atrasar na entrega. A logística de envio dos produtos é considerada outra fonte de problemas, se não for bem equacionada. E, atualmente, 66% da distribuição no País é feita por caminhões, que estão sujeitos a acidentes – a frota desses veículos no País tem idade média superior a 12 anos – ou ocorrências como roubo de cargas. O risco envolvido no transporte de cargas é preocupação de 16,5% dos entrevistados no Brasil. Em 2014, 9,5% apontavam esse tema como sinal de perigo para os negócios e, em 2013, apenas 4%.

Ao mesmo tempo em que a preocupação com os custos aumentou, caiu o interesse por crédito – o que se explica pelos juros em alta, pelas restrições bancárias e pela alta da inadimplência. Apenas 13% consideram obter financiamento, ante 24% em 2014. Os brasileiros perdem atualmente para a média global, que têm 17% dos gestores dispostos a tomar crédito.

EXPORTAÇÕES - Com o dólar valorizado, as pequenas e médias empresas nacionais voltaram a pensar em se inserir no mercado internacional. Em 2014, os gestores que consideravam a exportação como oportunidade de negócios eram apenas 5,5%. Já em 2015, o percentual duplicou, para 11%, de acordo com o estudo da Zurich.

Para empresários interessados em buscar oportunidade externa, o diretor da seguradora assinala que é importante verificar mercados onde seu produto pode ter espaço e se atentar para a legislação do destino, para se adequar às normas (por exemplo, em relação à embalagem no idioma do país) e também em relação à assistência técnica no local de destino.

Para as micro e pequenas empresas se prepararem para o comércio exterior, é oferecido suporte pelo governo federal – por meio, por exemplo, do Radar Comercial (www.radarcomercial.mdic.gov.br) – e por diversas entidades e empresas – como o Sebrae e os Correios. São oferecidas orientações em relação a mercados potenciais, legislação e crédito para exportar.
 




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