Divertidos e perigosos. Os brinquedos reservados às crianças em parques e praças públicas escondem riscos. O Diário visitou 20 playgrounds da região, entre dezembro passado e os primeiros dias deste mês (em pleno período de férias), e constatou que falta manutenção das prefeituras em, pelo menos, 12.

Grande parte dos brinquedos disponibilizada pelas sete cidades apresenta ferrugem, peças quebradas, pregos e parafusos aparentes, além de sujeira. O mato alto também impera nos espaços. A situação mais crítica está em Ribeirão Pires. O Parque Municipal Milton Marinho de Moraes reúne todos os riscos citados. Em meio aos brinquedos, pedaços de ferro pontudos e pregos altos podem causar ferimentos e doenças.

A manutenção falha é notada também em Santo André e São Bernardo, onde praças abertas à população estão em estado de calamidade. Ao lado de escorregadores e gangorras, as crianças convivem com lixo e moradores de rua.

Na contramão, os parques Ecológico Fernando Vitor de Araújo Alves e Salvador Arena, em Diadema e São Bernardo respectivamente, apresentam boas condições. Limpos, com brinquedos intactos, mato aparado e lixeiras à disposição dos freqüentadores. “Há grande variedade de brinquedos e a conservação é bem feita. Deixo meus filhos brincarem no Parque Ecológico todos os dias, sem medo”, diz o segurança Manoel Dimas, 33 anos, morador do Eldorado, em Diadema.

A pedido da reportagem, o arquiteto César Bergstrom, do Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia) avaliou os espaços. Ele garante que, apesar da falta de cuidado na conservação, os brinquedos vistoriados não têm problemas de estrutura.

“Deve-se investir em equipes que consigam diagnosticar, por exemplo, se as cordas dos balanços estão com as argolas soltas, se as peças de madeira estão abertas ou se há corrosão no ferro”, diz. Em caso afirmativo, departamentos responsáveis pela conservação do patrimônio municipal devem providenciar pequenas intervenções, como pinturas e troca de peças.

“Os brinquedos de ferro podem ser galvanizados, com tratamento à base de zinco. Depois, devem receber uma camada de tinta especial que evita a corrosão.”

O professor de Pediatria e Puericultura da Faculdade de Medicina do ABC , Luiz Alberto da Silva, aponta o tétano como o principal perigo dos playgrouds. “A ferrugem facilita a contaminação de micróbios. O mais temido deles é o bacilo que causa o tétano. A doença atinge o sistema nervoso e pode até matar. A criança deve estar sempre imunizada, com as vacinas em dia, principalmente nas férias.”