No dia 31 de outubro, por volta das 20h, em um hotel de Brasília, Dilma Rousseff faz seu primeiro discurso como presidente eleita do Brasil, prometendo respeitar e garantir a liberdade de imprensa e religiosa, os principais temas que polemizaram a campanha no segundo turno. Também promete combater a corrupção, fomentar o mercado interno e "cuidar da economia com toda a responsabilidade". É especialmente aplaudida quando agradece os conselhos e o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao reafirmar o compromisso de erradicar a miséria do País. "Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome", diz.

Nascida em Belo Horizonte (MG) há 63 anos, Dilma será a primeira mulher presidente do Brasil. Militante política na década de 1960, foi presa, torturada e condenada pela Justiça Militar e seus direitos políticos só foram restaurados em 1973. Formada em Economia, filiou-se ao PT em 2001, depois de ter sido uma das fundadoras do PDT de Leonel Brizola e ter participado da vida política no Rio Grande do Sul. Em 2002, foi convidada para o Ministério de Minas e Energia do governo Lula e posteriormente nomeada ministra-chefe da Casa Civil, substituindo José Dirceu.

Dilma e o vice-presidente Michel Temer (PMDB) venceram em três das cinco regiões do Brasil, conquistando a maioria dos votos em 16 dos 27 Estados brasileiros, cujo eleitorado soma 135 milhões de pessoas. Com 100% dos votos, apurados, a candidata do PT teve 56,05% dos votos válidos - seu adversário José Serra (PSDB) teve 43,95%; votos nulos ficaram em 4,4%, brancos, em 2,3%, e cerca de 29 milhões se abstiveram de votar nas eleições de 2010. Para vencer no primeiro turno, faltaram a Dilma cerca de três milhões de votos. O desempenho da petista em 3 de outubro ficou abaixo do que previam, na véspera da eleição, os institutos de pesquisa Ibope e Datafolha.

Nas eleições de 2010, dezoito Estados encerraram a disputa por seus governos no primeiro turno. Apenas 14,35% dos eleitores do País, concentrados em oito unidades da federação e no Distrito Federal, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), precisaram voltar às urnas em 31 de outubro para eleger seus governadores. No Congresso, os partidos de Dilma e Temer, PT e PMDB, conseguiram eleger importantes bancadas, somando pelo menos 57 parlamentares aliados ao governo no Senado. Na Câmara, o PT passa de 79 deputados para 88 deputados e o PMDB elege 79 parlamentares. Com esse número, Dilma contará com apoio para aprovar, por exemplo, mudanças constitucionais.