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'Irma Vap' está de volta

No lugar de Marco Nanini e Ney Latorraca estão, respectivamente, Marcelo Médici e Cássio Scapin

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
24/09/2008 | 07:00
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Calcada nas facilidades que a tecnologia trouxe aos figurinos, mas ainda tendo como fator preponderante o fôlego dos protagonistas e a direção de Marília Pêra, o espetáculo O Mistério de Irma Vap está de volta ao cartaz amanhã, às 21h30, no Teatro Shopping Frei Caneca, em São Paulo.

No lugar de Marco Nanini e Ney Latorraca, que atraíram 2,5 milhões de espectadores entre 1986 a 1998 para a maratona de múltiplos personagens que o texto do dramaturgo norte-americano Charles Ludlam exige, estão, respectivamente, Marcelo Médici e Cássio Scapin.

Os atores representam quatro personagens cada e, embora o espetáculo seja apontado como um marco, a dupla evita pensar no ‘peso' da farsa de Lady Enid (Médici) e Lord Edgard (Scapin).

"Não estava com medo, mas agora com todo mundo falando da responsabilidade, comecei a tremer. Acho até que nem virei à estréia", brinca Médici (que também produz a peça ao lado de Andréa Francez). Scapin contemporiza. "Os atores pertencem muito mais aos seus personagens do que o contrário."

A dupla trouxe frescor à remontagem, inclusive com novos ‘cacos' no longo texto original, que veio ainda mais enxuto graças a Marília, resultando em duas horas de espetáculo com 15 minutos de intervalo.

Os protagonistas foram escolhidos por Andréa Francez, também advogada de Marília que adquiriu os direitos de adaptação da peça e que convidou novamente a atriz, conhecida por seu perfeccionismo, para conduzir a história. "Vim do balé clássico, então o rigor faz parte de mim. O Ney Latorraca dizia que eu dirigia até os indicadores da platéia", conta a atriz.

Assim como a diretora, Cássio Scapin tem um trabalho de expressão corporal baseado na dança, o que exigiu que Médici corresse atrás de preparo para agüentar o pique das cerca de 60 trocas de roupas - e papéis - durante a apresentação. "Eu tentei fazer aulas de balé com eles. Mas depois vi que ou fazia dança ou ensaiava", afirma. "Mas a esteira já ajuda bastante", diz.

Apesar de não contar com a memória corporal do colega e da diretora, Médici tem um ótimo background: o espetáculo solo Cada Um com Seus Pobrema, em que levava ao palco cerca de uma dezena de tipos. Os ensaios para Irma Vap, inclusive, coincidiram com a temporada do humorístico. "Às vezes entrava em cena sem saber nem quem eu era", afirma. Em Sete Pecados, sua última novela, Médici também se dividiu entre múltiplos disfarces, já que interpretava um foragido.

A confusão dos tipos é algo que os atores tiveram de se acostumar ao longo da pré-produção. "Às vezes eu só sei em que cena estou quando vejo o Marcelo no palco. Lá atrás (na coxia), nos desligamos um pouco por conta do figurino e só aqui é possível voltar ao texto", afirma Scapin.

A cargo do assistente de direção Fábio Namatame, cenários e figurinos - de tecidos mais leves do que os dos anos 1980 - são fundamentais para que a peça flua da maneira ágil com que foi concebida. Matemática que Marília domina. "Distância entre as portas e o trabalho dos camareiros são muito importantes ", afirma.

O Mistério de Irma Vap - No Teatro Shopping Frei Caneca - Rua Frei Caneca, 569, 6º andar. Tel.: 3472-2220. Ingr.: R$ 60 (5ª e 6ª) a R$ 70 (sáb. e dom.). 5ª e 6ª, às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 7 de dezembro.

Troca de figurino é desafio

Marília Pêra vira o espetáculo original The Mistery of Irma Vep (do anagrama vampire) em Nova York em 1984 e foi convencida anos mais tarde a participar da montagem."Era um espetáculo ‘jovem'. O figurino tinha vestidos de antigos espetáculos. O banco era do meu piano", afirma Marília, que assistiu à peça uma única vez e acertou os detalhes aos poucos.

O assistente de direção Fábio Namatame não precisou improvisar graças aos fechos inteligentes das roupas e das perucas que se encaixam como se fossem chapéus. Mas ganhou a preciosa ajuda de Ney Mandarino, camareiro octagenário da primeira montagem que lhe ensinou o caminho das pedras. "Os atores chegam e nós apenas os giramos para trocar a roupa. Nem precisam se abaixar. Não tinha idéia de que era assim", diz Namatame. "Parecemos um pacote lá atrás", brinca Cássio Scapin.

Além de Mandarino, são mais dois camareiros e dois contra-regras, que praticamente fazem todo o trabalho da troca. "Quanto menos a gente se mexe, melhor", afirma Marcelo Médici. Apesar da sincronia, incidentes engraçados ocorreram nos ensaios. "O Cássio entrou com a peruca ao contrário. Parecia o Zacarias (personagem dos Trapalhões)", ri Médici.




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