O Orçamento de Mauá para 2012, que prevê arrecadação de R$ 686,4 milhões, foi aprovado ontem em primeira discussão na Câmara por unanimidade. No debate preliminar, prevaleceram os questionamentos da oposição sobre a previsão de corte de 52,4% do repasse previsto pelo governo a entidades assistenciais, passando de R$ 2,91 milhões neste ano para R$ 1,38 milhão. A peça será votada em definitivo amanhã, em sessão extraordinária.

Manoel Lopes (DEM) leu na tribuna relatório que aponta a redução. O democrata já havia tentado emplacar o debate há duas semanas, em audiência pública - não conseguiu pela falta de informação do assessor especial da Secretaria de Finanças, Cássio Pegoraro.

"Por que o Executivo quer tirar R$ 250 mil da Santa Casa e dar mais R$ 125 mil para o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC?", indagou, ao ser respondido por Professor Betinho (PSDC), que apesar de integrar a base de sustentação ao prefeito Oswaldo Dias (PT), tem criticado a administração. "Porque as ONGs não são as prioridades."

Edgard Grecco (PMDB) apresentou 33 das 42 emendas, todas versando sobre repasses às entidades assistenciais, totalizando R$ 1 milhão. O oposicionista, contudo, externou preocupação quanto à aprovação das mensagens. "O prefeito, por arrogância e prepotência, apresenta a peça nos obrigando a dizer sim ou não, sem aceitar alterações."

"Não sei se vou apresentar emenda porque não quero passar por mentiroso junto às instituições", prosseguiu o governista Ivan Gomes, o Batoré (PP). "É administração de visão. Sempre que pede algo, dizem: ‘vou ver.'"

Líder do governo, Rômulo Fernandes (PT) tentou colocar panos quentes. "Não podemos esquecer que o governo tem absorvido demandas do terceiro setor, entregando dois Cras e tendo outros dois em construção", argumentou.

Conselho tutelar - Em reunião com vereadores, quatro dos seis conselheiros tutelares candidatos à reeleição afastados dos cargos culparam o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente pela suspensão da eleição do Conselho Tutelar, prevista para domingo passado.

"O erro foi o CMDCA provocar a Promotoria (que pediu a suspensão). Se não pede consulta, não haveria esta situação", resumiu Paula Rodrigues, em referência a ofício em que a entidade questiona o Ministério Público sobre a legalidade de manter os candidatos à reeleição nos cargos, situação que fere a lei municipal 2.480/93.

Secretário não convence Batoré sobre Zona Azul

O secretário de Mobilidade Urbana de Mauá, Renato Moreira, foi à Câmara explicar a implementação da Zona Azul na cidade. Em suas respostas, ele conseguiu convencer a maioria dos vereadores. A exceção foi Batoré (PP).

Na semana passada, o progressista disse que o contrato do Paço com a Cellopark (administradora do sistema) foi "o pior negócio" que já viu. O inconformismo é pelo documento dar brecha para que apenas 5% da arrecadação com o estacionamento rotativo fique no município - o percentual está em 6,5%.

"O custo operacional que a empresa tem em Mauá é diferente do que teria em outras cidades. Aqui o motorista pode pagar a tarifa por cartão recarregável, telefone, internet ou moedas", disse Moreira, tentando justificar a ampla parcela que fica com a Cellopark. "Para nós, o menos importante é a arrecadação. Minha preocupação é a mobilidade."

Contrariado, Batoré disse continuar com a opinião de que o governo "assinou atestado de burrice". "Seis e meio por cento não significam nada para quem está à beira do abismo."

O secretário defendeu que a Zona Azul tem sido ampliada a centros de bairros, e não a pontos residenciais, como o reclamado pelos parlamentares, e que a tolerância de 15 minutos não poderá ser inserida no contrato por aditamento. Moreira também anunciou a extensão de 24 para 48 horas o prazo para o motorista pagar taxa de notificação de R$ 15 para evitar multa de R$ 53 por estacionar em vagas demarcadas sem o pagamento da tarifa.