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Crianças carentes fazem voo gratuito

Companhia aérea leva 130 menores do Grande ABC para voo panorâmico no Rio de Janeiro

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
11/11/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Nem o tempo fechado e a garoa fina estragaram a festa de 280 crianças em situação de vulnerabilidade social e portadoras de necessidades especiais que participaram ontem da 2ª edição do projeto Voo Crianças nas Nuvens. A ação é oferecida gratuitamente desde o ano passado pela companhia aérea British Airways. Pela segunda vez o destino escolhido foi a cidade do Rio de Janeiro.

Das oito instituições de caridade convidadas para o passeio, três ficam em Santo André: Casa Ronald McDonald, Centro Educacional Amélia Rodrigues e Casa do Jardim. Ao todo, 130 crianças do Grande ABC entre 7 e 16 anos participaram da iniciativa.

A semana foi marcada pela euforia e insônia. Era a primeira vez que a garotada passava pela experiência de uma viagem aérea. Ainda no ônibus, nos arredores do Aeroporto Internacional de Guarulhos, o voo rasante de uma aeronave anunciava a manhã de fortes emoções. Curiosos, pareciam querer abraçar o avião. As marcas dos dedos nos vidros das janelas só não foram maiores do que a gritaria que ecoou pelo veículo. "É nesse que nós vamos voar, tia?", perguntou Miguel, 7 anos.

No saguão do aeroporto, oito voluntários da ONG Operação Conta Gotas animaram a espera da criançada vestidos de palhaços e distribuindo acessórios coloridos. A chegada da tripulação, formada por 19 funcionários voluntários - a maioria ingleses - causou alvoroço em meio ao saguão lotado de passageiros.

O embarque aconteceu por volta de 10h30 e a chegada ao céu nublado da capital fluminense foi cerca de quarenta minutos mais tarde. O barulho das turbinas não intimidou as crianças, que rapidamente se amontoaram nas janelas em busca do melhor ângulo da cidade. As turbulências causadas pelo mau tempo provocaram apenas alguns enjôos. O medo passou longe.

O Boeing 747-400 que diariamente faz viagens a Londres, capital da Inglaterra, sobrevoou as praias de Ipanema, Copacabana, Leblon, além do estádio do Maracanã e o Cristo Redentor. "Estamos no céu e perto de Jesus!", exclamou Stefanie, 10, sem esconder a surpresa.

Durante o trajeto de volta, a agitação deu lugar ao cansaço, principalmente entre os mais novos. Depois de cinco horas de intensa atividade, a mesa de refeição acoplada à frente dos assentos virou travesseiro. A maioria só despertou no momento do pouso nas pistas de Cumbica. Ao fim, todos tiraram fotos na cabine do piloto.

O comandante do voo, estreante na ação e piloto voluntário, não escondeu a emoção. "Foi uma experiência nova. Essa viagem mostra que todos têm oportunidades na vida. Ninguém conhecia a realidade de um voo desse porte. Quem sabe essas crianças possam vir a ser pilotos ou comissários de bordo. Foi fantástico", disse o libanês Maroun Nasr.

Voluntários comemoram resultado e planejam fixar evento

O sucesso das duas edições do projeto, que, juntas, levaram 520 crianças às nuvens, confirma a intenção da companhia de fixar o evento no calendário oficial da empresa.

A ação tem total apoio da tripulação, que se reveza voluntariamente, inclusive em terra, para organizar o passeio. Ao todo, cerca de 100 pessoas foram mobilizadas.

O programa é iniciativa da equipe de comissários brasileiros, liderada por um dos membros da tripulação, Fernando Goldberg. "Desde julho estamos trabalhando nisso. A sensação é de alegria plena. Dinheiro algum poderia pagar a felicidade que sentimos hoje. Nossa ideia é fazer com que o voo aconteça todos os anos, mas isso depende dos parceiros. São muitas toneladas de combustível, camisetas, bonés, lanches. Isso envolve um dinheiro que não temos para gastar. Mas, se conseguirmos patrocínios, farei a loucura novamente."

APOIO - O passeio só foi concretizado graças ao apoio de 16 parceiros, entre eles Transporte Jangada, Esquadrilha da Risada, Operação Conta Gotas, Embraer, BMart Brinquedos, Infraero e Shell.

Vestida de palhaça, a voluntária da ONG Operação Conta Gotas, da Capital, resumiu o que o projeto significa às crianças beneficiadas. "O médico cuida da parte clínica e nós das doenças da alma. Já conhecemos a realidade difícil da maioria delas. Nossa maior recompensa é receber tantos sorrisos", disse Adriana de Jesus Andrade, 30 anos.

 




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