Setecidades Titulo Presos
Funcionários de fórum
são condenados por fraude

Na sentença, juíza relata que os réus alteravam informações
legais para obterem benefícios pessoais de forma criminosa

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
02/11/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Dois funcionários do Fórum de Santo André foram presos na manhã de ontem por cometerem fraudes processuais. Fernando Floriano, que dirigiu o cartório da comarca, e Josilene Rodrigues de Moraes, oficial-maior (escrevente-chefe) da 1ª Vara da Famíla, integram a quadrilha condenada nesta semana por alterar documentos e, consequentemente, sentenças judiciais.

A dupla teve mandado de prisão emitido na terça-feira e foi presa ontem pela Polícia Militar. Também foram condenados os advogados Francisco Bernardino Ferreira e a sua filha Adriana Hernandes Ferreira Floriano, mas ambos podem recorrer em liberdade.

Na sentença, a juíza Maria Lucinda da Costa relata que os réus alteravam informações legais para obterem benefícios pessoais de forma criminosa. Em processo de inventário de 2005, os ex-funcionários do Fórum substituíram o nome da pessoa falecida. Para isso, foi utilizada a senha de Josilene no sistema da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo).

O objetivo da troca era o levantamento de R$ 124.822 de herança de um dos mortos. A ação de alvará para que o dinheiro pudesse ser liberado foi distribuída pelos advogados Francisco e Adriana. O nome do verdadeiro requerido foi omitido no processo, assim como outros bens do morto.

De acordo com a sentença, o grupo também contava com a participação do já morto advogado Silas Vieira, que tinha "função de arrebanhar clientes para o escritório de Adriana. Ela, posteriormente, em conluio com os demais réus, providenciava a distribuição fraudulenta à vara em que trabalhavam Fernando e Josilene". Dessa forma, os processos tinham andamento "célere e indevido".

Perante o Ministério Público, Josilene reconheceu que não era sua atribuição preparar despacho do processo em questão, mas que fez o procedimento a pedido do colega. O advogado que patrocinava o caso era Francisco, sogro de Fernando e que havia ligado para a funcionária para pedir agilidade no caso.

Fernando, exonerado do cargo em 2010, foi condenado a 16 anos e seis meses de prisão, enquanto Josilene teve pena fixada em 14 anos e sete meses. Ambos foram sentenciados pelos crimes de advocacia administrativa, supressão de documentos, inserção de dados falsos, formação de quadrilha e falsificação de papéis públicos. Por terem contato com integrantes do Judiciário, iniciam o cumprimento da pena em regime fechado. Para a juíza, as relações com outros funcionários "comprova que (os réus) podem tentar cooptar outros integrantes da quadrilha para o cometimento de crimes da mesma natureza". Também é mencionado o risco de destruição de provas contra o grupo.

Já Francisco e Adriana foram condenados a nove anos e seis meses de prisão, podendo recorrer à sentença em liberdade.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;