Setecidades Titulo
Bulevar de Ribeirão será alterado
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
01/06/2006 | 07:53
Compartilhar notícia


O Ministério Público ordenou que a Prefeitura de Ribeirão Pires interrompesse o projeto de canalização do ribeirão Pires, rio que cruza o centro da cidade. A canalização fazia parte do projeto de construção de um bulevar central, cujas obras começaram há cerca de 30 dias. A canalização do córrego é proibida, por isso, a promotora do Meio Ambiente da cidade, Thelma Thais Cavarzere, acordou diretamente com o prefeito Clóvis Volpi (PV) o fim dos trabalhos. Mas quarta-feira funcionários continuavam trabalhando na obra.

A construção do bulevar foi possível porque a Prefeitura recebeu este ano R$ 1,4 milhão do Dade (Departamento de Apoio e Desenvolvimento de Estâncias), órgão ligado ao governo estadual, para executar obras na área de turismo. Ribeirão tem 100% do território em área de manancial. Em vez de realçar os aspectos turísticos da cidade, a administração resolveu usar a verba para, entre outras obras, canalizar o ribeirão que corta o centro do município. Atividade proibida desde a reformulação da Lei dos Manancias, em 1998.

A promotora do Meio Ambiente contatou o prefeito ao tomar conhecimento do projeto da administração municipal. Segundo a promotora, o prefeito Volpi esteve na promotoria na tarde de quinta-feira da semana passada, e concordou em interromper os trabalhos. Já a Prefeitura alega que, por conta da solicitação do Meio Ambiente, o projeto seria "apenas alterado" para resolver as irregularidades.

A verba aprovada pelo Dade foi liberada para um pacote de cinco projetos, que incluíam a construção de portais na entrada da cidade, uma escadaria no Morro de Santo Antônio (conhecido ponto turístico da cidade), uma pista de skate, a reformulação da praça Central e o bulevar. A Prefeitura não anunciou quais serão as mudanças no projeto do bulevar, ou mesmo se ele será interrompido. De qualquer forma, o Dade terá que aprovar o outro destino para esse dinheiro, de acordo com a Prefeitura.

Ao ter acesso à íntegra do projeto, ambientalistas da cidade ficaram indignados. Para Lucas Barbosa, do MDV (Movimento de Defesa da Vida), a canalização do ribeirão seria um ataque à natureza da região, porque o córrego poderia ser poluído a qualquer instante. "Há o projeto da estação de tratamento, que deve ficar pronta em dois anos. O coletor tronco fica ao lado do córrego. De que adiantaria a estação, se os córregos estivessem cheios de esgoto?", questiona.

A Prefeitura já instalou cinco barracas que serão futuras lojas do bulevar no trecho construído. Quarta-feira, funcionários trabalharam normalmente no local, segundo o ambientalista Barbosa. Se a obra continuasse, a área canalizada passaria justamente em frente ao Fórum da cidade, a metros da promotoria do Meio Ambiente.

Ao ser informada que, diferente do acordado diretamente com o prefeito, a obra não seria interrompida e sim "apenas alterada", a promotora Thelma foi categórica: "Não pode canalizar o córrego. Se mexerem no córrego, entro com ação".

Antecedentes – A Promotoria do Meio Ambiente moveu, em abril, duas ações civis públicas contra a administração do Partido Verde em Ribeirão por irregularidades ambientais. A primeira, no Jardim do Mirante, refere-se à concessão de alvará de construção em um terreno de mata essencial para o escoamento de água. No segundo caso, a Prefeitura é acusada de omissão no corte de 40 árvores nas margens de um córrego no condomínio Sítio do Francês. Os processos ainda correm na Justiça.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;